Primeiro tenente da FAB (Força Aérea Brasileira) e membro do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), em São José dos Campos, Ronaldo Chaves, 28 anos, foi homenageado pela AEB (Agência Espacial Brasileira) após a sua morte, durante uma corrida em Ubatuba, no último domingo de maio (28).
Chaves ficou nacionalmente conhecido ao passar no vestibular do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) com 15 anos de idade. Ele se formou na instituição em 2015 e trabalhava como engenheiro no IAE. Seu sonho era construir foguetes no Brasil.
Em mensagem, o presidente da AEB, Carlos Augusto Teixeira de Moura, que se formou no ITA em 1980, disse que “muitos pontos de convergência nos ligam a Ronaldo Chaves, brilhante engenheiro e ser humano de referência na humildade, na capacidade de integração, na ambição positiva de sonhar alto”.
Moura disse que Chaves era e sempre será um “farol para os que desejam evoluir” e completou: “Quando perdemos a convivência de uma pessoa tão significativa, questionamo-nos por quê?”.
Ao falar da morte do engenheiro e militar, ele também lembrou a tragédia do VLS 1 (Veículo Lançador de Satélites) na base de Alcântara, no Maranhão, cuja explosão matou 21 técnicos e engenheiros de São José e que completa 20 anos.
“Nosso companheiro de sonhos e atividades espaciais, Ronaldo Chaves, marcou presença naquela que é nossa referência em veículos de acesso ao espaço, o Instituto de Aeronáutica e Espaço, IAE. Neste 2023, em que completamos duas décadas de perda de nossos 21 companheiros que lutavam para completar a primeira missão de sucesso do Veículo Lançador de Satélites, o VLS, coincidentemente perdemos um grande valor da nova geração”, disse Moura.
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Leia os demais trechos da mensagem do presidente da AEB sobre Ronaldo Chaves:
“Fora da esfera transcendental, não há como explicar e acalmar o coração. Saudades profundas sempre marcarão os que com ele conviveram, em especial, amigos, família, o amor de sua vida.”
“Algumas referências podem, talvez, aplacar um pouco a frustração e remeter a papéis que marcam a humanidade. Restringindo-nos ao setor aeroespacial brasileiro, cabe lembrar que, enquanto Santos Dumont logrou sucesso e reconhecimento, seu contemporâneo, o potiguar Augusto Severo, faleceu em acidente com balão."
"No ambiente “ceteano”, o Major Mariotto partiu em voo de teste com aeronave nacional. São perdas sentidas, hoje relembradas, por exemplo, no Centro Vocacional Tecnológico Espacial Augusto Severo, em Parnamirim, mantido pela Agência Espacial Brasileira, AEB. E na Escola Estadual que leva o nome de Mariotto, servindo a tantos e tantos membros da família aeroespacial em S. José dos Campos.”
“Os sonhos se foram? Não! De nossa parte, como Agência coordenadora das atividades governamentais do programa espacial brasileiro, acreditamos que todas essas histórias de vida, de conhecimento acumulado e compartilhado, de exemplos deixados, são substrato para que os companheiros que ficam possam alicerçar nossas conquistas espaciais."
A sociedade brasileira merece e precisa de sistemas espaciais que sirvam às suas necessidades, que levem soluções, que integrem e diminuam desigualdades, que abram oportunidades de progresso para todos. O mesmo espírito que marcou a vivência do iteano que agora nos deixa.”
“Os 21 de 2003 e Ronaldo Chaves são peças preciosas de um mosaico das atividades espaciais brasileiras. Que suas famílias e entes queridos possam sempre acreditar no valor do que fizeram, na importância do que representam para todos que continuam na mesma luta. Paz e bem a todos! A corrida continua!”.
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