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10 de maio de 2024

AVIAÇÃO

Parceria com Saab no Gripen é marco histórico para Embraer, como AMX foi nos anos 1980

Parceria entre Embraer e Saab abre portas para o futuro da produção nacional de alta tecnologia, inovação e disrupção

Por Xandu Alves
Gavião Peixoto

13/05/2023 - Tempo de leitura: 4 min

Divulgação / Saab

Primeiro Gripen em produção na linha de Gavião Peixoto, na fábrica da Embraer

Um novo horizonte tecnológico para a indústria aeroespacial brasileira e especialmente para a Embraer, que tem sede em São José dos Campos.

A parceria entre a Embraer e a Saab abre portas para o futuro da produção nacional de alta tecnologia, inovação e disrupção, trazendo divisas ao país e gerando empregos de alta qualificação, além de incentivar toda uma cadeia de fornecedores e de serviços.

No contexto histórico, a Embraer repete com a Saab e o caça supersônico Gripen um papel semelhante ao que desempenhou no começo dos anos 1980, quando os governos do Brasil e da Itália fecharam acordo em torno do jato AMX-A1, nome que recebeu da FAB (Força Aérea Brasileira).

O avião começou a ser desenvolvido por duas empresas italianas no final dos anos 1970 e a Embraer tornou-se parceira do projeto em 1981, com a montagem das unidades para a FAB e de absorver conhecimento para o desenvolvimento e produção dos conjuntos e componentes do sistema de acionamento dos trens de pouso da aeronave. O primeiro protótipo voou em 1984 e a produção em série começou em 1986.

O aprendizado que a Embraer teve com o projeto é considerado fundamental para os aviões que ela própria criou depois do AMX-A1, como a família de jatos ERJ 145 – reconhecida como um dos mais bem-sucedidos programas da indústria aeronáutica em todo o mundo.

Nesse contexto, a inauguração da primeira linha de montagem do caça F-39 Gripen fora da Suécia, na unidade da Embraer em Gavião Peixoto, pode ser considerada um marco na história da fabricante brasileira e para a indústria nacional.

“Estamos orgulhosos da cooperação com a Embraer, parceira desde o início. A planta da empresa vai desenvolver capacidades e tecnologia para nossos sistemas. Temos um compromisso com a transferência de tecnologia e os engenheiros dos dois países poderão fazer isso acontecer”, disse Micael Johansson, presidente da Saab, durante a cerimônia de inauguração da linha de produção do F-39 Gripen em Gavião Peixoto.

“Esse é um dia muito especial para a Suécia e o Brasil. É um trabalho em conjunto e o governo sueco reconhece a importância do programa Gripen para os dois países”, afirmou Carl-Oskar Bohlin, ministro da Defesa Civil da Suécia.

Na avaliação do ministro da Defesa do Brasil, José Múcio, a ligação entre as duas empresas beneficiará toda a cadeia produtiva no país.

“Essa parceria proporcionou ao Brasil a necessária transferência de tecnologia de ponta, permitindo a inauguração de uma linha de produção da aeronave em solo nacional. Poucos países têm essa capacidade”, disse ele em Gavião Peixoto.

“A aquisição dos caças Gripen traz para a Força Aérea e para o Brasil o sentido mais amplo da aquisição de novos horizontes na capacidade de prover uma defesa aérea compatível com as dimensões continentais desse país, além de uma nova fronteira tecnológica para toda a indústria nacional”, completou Múcio.

FUTURO

Para Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa e Segurança, o caça supersônico Gripen trouxe novas tecnologias para a FAB e para a indústria nacional.

“É um caça multimissão, flexível e que consegue trazer novas capacidades para a FAB. Muito mais do que isso, a parceria que temos com a Saab trouxe tecnologias para a indústria brasileira.”

Em conjunto com a Saab, engenheiros da Embraer desenvolveram a segunda versão do caça F-39 Gripen, o modelo biposto, com duas posições, que foi criado dedicadamente para a FAB com profissionais da Embraer juntamente com a Saab na Suécia, tecnologia que desembarca no Brasil com a nova linha de produção.

Por isso, na avaliação de Costa Junior, a transferência de tecnologia pode ser um novo marco para a fabricante brasileira e a história da indústria nacional.

“A transferência representa muito para a Embraer e para o Brasil. São tecnologias novas que a gente passa a dominar, tecnologias que fazem com que a Embraer esteja aberta ao mundo. A parceria com a Saab abre também novos campos para os produtos da Embraer de defesa e segurança. A Saab é um baita de um parceiro para conseguir colocar ainda mais o C-390 em novos países na comunidade europeia”, afirmou o executivo.

Além de produzir 15 caças F-39 Gripen para a FAB, a unidade da Embraer vai se tornar um hub de produção e exportação dos jatos supersônicos para a América Latina. Em contrapartida, a Saab vai colaborar na oferta do cargueiro multimissão C-390 Millennium da Embraer para países da Europa.

“Estamos prospectando clientes para C-390 e a Saab para o Gripen. Estamos sempre explorando atividades conjuntas. Os aviões podem ser empregados juntos numa doutrina de guerra. O caça ao lado do cargueiro, inclusive fazendo reabastecimento aéreo.”