21 de dezembro de 2025
ESPECIAL

'Respeita as Mina' e a Democracia Corintiana

Por Marcos Eduardo Carvalho | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
OVALE

As jogadoras do time feminino do Corinthians se posicionaram nesta última semana contra a contratação do técnico Cuca, na equipe masculina. Aliás, o treinador ficou apenas dois jogos no cargo, e, por conta de toda a pressão da opinião pública, deixou o cargo.

No entanto, o que ficou marcado mesmo pelo manifesto das meninas foi o resgate dos tempos da Democracia Corintiana, movimento liderados por jogadores como Casagrande e Wladimir, na década de 1980.

‘Respeite as Mina, Democracia’, foi o mote da manifestação das jogadoras após o Timão contratar o treinador na semana passada. O motivo da reação é que, em 1987, Cuca, assim como outros então jogadores do Grêmio, foram condenados por estupro de uma menina de 13 anos, na Suíça.

No entanto, ele e os demais nunca chegaram a cumprir a pena e, inclusive, o caso ficou esquecido nesses últimos tempos. Contudo, de uns dois anos para cá, a mídia começou a relembrar o fato e a cobrar. Até mesmo parte da torcida do Atlético Mineiro, onde Cuca foi campeão brasileiro, contestou a volta do treinador em 2021, por conta desse crime.

ENTENDIMENTO.

Inclusive, mesmo com uma postura contrária à diretoria, o presidente do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, não condenou as meninas. Até porque Adilson Monteiro Alves, pai do atual presidente, também dirigiu o Timão na época da Democracia Corintiana.

"Sobre a equipe feminina, o Corinthians é um clube democrático, do ‘Respeito às Minas’, e elas têm todo direito de se posicionar. Estive com elas, conversamos por mais de uma hora e meia, foi tudo conversado, explicado e elas têm todo direito de colocar a posição delas. Não sei se dá para entender como protesto, mas dá para entender que isso reforça o que é o Corinthians, o respeito às minas. Vamos continuar tratando-as e fazendo o possível para a campanha para as mulheres", disse Duílio”, nesta última semana.

Agora, o documento das meninas mostrou força e, de certa forma, ajudou na decisão do treinador em deixar o comando do Corinthians, de forma relâmpago. Segundo ele, que nega o caso de estupro, sua família o pediu de volta, para ir para casa e ficar perto deles.

DEFESA.

O técnico do time feminino do Corinthians, Arthur Elias, ainda ressaltou que não foi necessariamente um protesto contra o clube, mas uma manifestação das meninas em defesa das mulheres, de um modo geral.

Quando tratamos dessa forma o tema que foi levantado com a contratação do Cuca, foi levantado o tema importante para a sociedade. O grupo de atletas quis fazer um posicionamento sobre o tema. Se ler, falam de forma geral dos direitos, se orgulham do que é vestir a camisa do Corinthians. Não foi nenhum tipo de manifesto ou protesto. Não personificaram, mas acho que foi mal interpretado pela imprensa e torcedores. Foi um posicionamento de um grupo de mulheres de forma respeitosa dentro do cenário”, afirmou o treinador, também durante entrevista.

Por fim, o Corinthians viveu um novo capítulo em sua história da Democracia, onde somou para tentar reverter a contratação do treinador que era rejeitado por boa parte da torcida.