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01 de maio de 2024

INCS

Prefeitura de Taubaté rescinde contrato com entidade que administrava UPA do San Marino

Município alegou que INCS descumpriu contrato, com falhas como atraso no pagamento de salário de médicos e falta de medicamentos; nova entidade assume no dia 11 desse mês

Por Da Redação
Taubaté

05/04/2023 - Tempo de leitura: 3 min

Divulgação/INCS

UPA San Marino

A Prefeitura de Taubaté rescindiu o contrato com o INCS (Instituto Nacional de Ciências da Saúde), que desde maio de 2022 era responsável pela administração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) San Marino.

De acordo com a Prefeitura, a rescisão foi feita de forma unilateral após a entidade descumprir o contrato. Em 11 meses, o INCS chegou a receber 11 notificações do município, por motivos como: atraso nos repasses de salários a médicos e outros profissionais; falta de medicamentos e materiais; e dificuldade de relacionamento com a gestão da UPA. Procurado pela reportagem nessa quarta-feira (5), o INCS não se manifestou.

O INCS, que recebia R$ 26,5 milhões ao ano, continuará na unidade até 10 de abril. No dia 11, pelo mesmo valor, assumirá a Santa Casa de Misericórdia de Chavantes, que havia ficado em terceiro lugar no processo licitatório - a entidade que ficou em segundo, o Iesp (Instituto Esperança), não quis assumir esse contrato. A Santa Casa de Chavantes já atuava na UPA Santa Helena, em um contrato de R$ 20,7 milhões por ano. O Iesp atua no PSM (Pronto Socorro Municipal), onde recebe R$ 44,8 milhões por ano, e no PA (Pronto Atendimento) do Cecap, por R$ 10 milhões por ano.

SUSPEITA.
Em junho e julho de 2022 o Ministério Público ajuizou duas ações de improbidade administrativa relacionadas às terceirizações nas unidades de urgência e emergência de Taubaté.

A primeira ação tem como foco o contrato emergencial firmado entre Prefeitura e Iesp no fim de fevereiro do ano passado, que começou a ser executado em março. O instituto recebeu R$ 6,111 milhões para disponibilizar médicos para quatro unidades de urgência e emergência. Para o MP, a situação de emergência foi forjada, pois o atual governo teve início em janeiro de 2021 e apenas no fim daquele ano abriu as licitações para substituir o contrato até então em vigência, que se encerrava em fevereiro de 2022.

A segunda ação aponta supostas irregularidades nas licitações para terceirizar a gestão das quatro unidades, como: transferência para a iniciativa privada de toda a gestão, operacionalização e execução de serviços essenciais de saúde, o que seria proibido por lei; não realização de estudos que comprovassem a insuficiência do serviço e a impossibilidade de ampliá-lo sem o auxílio da iniciativa privada; falta de aval do Comus (Conselho Municipal de Saúde) para as terceirizações; qualificação de duas entidades (o Iesp e INCS) como OSs (Organizações Sociais), sem que as mesmas atendessem todas as exigências da legislação municipal; prejuízo aos cofres públicos, pois os médicos terceirizados receberiam salários superiores ao piso da Prefeitura; quarteirização de serviços; e falta de controle sobre a frequência dos profissionais, o que possibilitaria casos de funcionários fantasmas. Somados, os quatro contratos de terceirização custam R$ 102 milhões por ano.

PROCESSO.
Nesses dois processos, a pedido do MP, a Vara da Fazenda Pública de Taubaté determinou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados - o que inclui e-mails e trocas de mensagens - do prefeito José Saud (MDB), do secretário de Saúde, Mario Celso Peloggia, do ex-secretário adjunto de Saúde Fabricio Grasnele Galvao Velasco, do ex-diretor de Saúde Fabio Henrique da Cruz, e de duas das Organizações Sociais contratadas pelo município, o Iesp e o INCS.

A quebra dos sigilos será referente ao período de outubro de 2021 (um mês antes da abertura dos processos licitatórios) a 31 de maio de 2022.

Ao fim dos processos, que tramitam em segredo de justiça, o MP pede que Saud, Peloggia, Velasco e Cruz sejam condenados à perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por até 12 anos, pagamento de multa e também de indenização por danos morais coletivos. Tanto a Prefeitura quanto as OSs negam qualquer irregularidade nos contratos.