Nas redes sociais, ao contrário de seu padrinho, o prefeito de São José, Anderson Farias, é quase uma nulidade. Não existe, aparentemente, preocupação com a criação de uma marca de governo ou com um estilo de governar.
Anderson aparece tão somente como o sucessor de Felício Ramuth e aquele que foi ungido pelo atual vice-governador para levar adiante seu projeto de gestão em São José.
Há até episódios bisonhos, como uma postagem em que Anderson e a primeira-dama, Sheila Farias, aparecem com feições enfadonhas e olhares de poucos amigos em uma reunião do secretariado.
É como se todos se conformassem com a ideia de que, onde não há possibilidade de dominação carismática, na concepção clássica de Max Weber, é melhor deixar o barco navegar.
O contraditório deste cenário é que quase nada disso importa em relação à sucessão municipal de 2024.
Anderson é favoritíssimo à reeleição, seja pela gigantesca força da máquina, seja pelo respaldo decisivo de Felício, seja pela ausência de uma oposição consistente.
É como se o atual prefeito já estivesse pronto para ganhar por W.O., sem necessidade de entrar em campo e competir. E talvez seja essa, exatamente, a razão indireta deste aparente desleixo com a construção de uma marca de governo.
Do ponto de vista das necessidades da população da cidade, é mais uma oportunidade perdida. Anderson viu o cavalo encilhado passar, fez montaria e agora se deixa levar.
Talvez o prefeito deva refletir um pouco mais sobre a trajetória de seu padrinho político.
Goste-se ou não de seu estilo, Felício Ramuth atropelou lideranças tucanas fossilizadas de São José e pavimentou um caminho que nenhum deles ousou arriscar, embora as oportunidades houvessem surgido.
O PSDB, como partido, morreu em São José. Pode-se atribuir sua morte política a Felício, mas isso hoje é assunto que interessa a meia dúzia de saudosistas no Parque Vicentina Aranha.
O eleitor médio joseense, aquele que bateu palmas para a aliança entre Felício e o bolsonarista Tarcísio de Freitas, acredita que o mal maior para São Paulo, o risco de uma vitória do PT, foi novamente afastado. Esse é, na realidade, o leitmotiv político do interior paulista. E essa vai ser a linha-mestra da campanha à reeleição de Anderson, à sombra de um país eternamente polarizado entre bolsonaristas e petistas.
O que isso significa, em termos de campanhas eleitorais e de planos de governo? Significa que as soluções efetivas para os problemas reais da população estarão sempre em segundo plano, contaminadas pela ideologização.