Vivemos numa sociedade da informação e nós, que ocupamos função pública, estamos cotidianamente sujeitos a críticas. E elas são sempre bem-vindas. Porém, temos convivido com críticas que se baseiam em opiniões e não em informações, que se pautam em adjetivos e não em substantivos, e que generalizam fatos individuais sem o devido cuidado.
Estas abordagens “críticas” dominam as manifestações de pessoas e podem contaminar matérias oficiais de órgãos sérios, no afã de competir com as redes sociais, atender à demanda de comunicação diária e obter aprovação.
Todos queremos ter e expressar opiniões sobre tudo. Valemo-nos das redes sociais para amplificar nossa voz e relevância. No entanto, não temos tempo e nem disposição para estudar, levantar dados e confrontar o que “pensamos ser verdadeiro”. A sociedade atual quer ser notada. As pessoas querem “se manifestar”.
Temos mania de expressar nossas opiniões com adjetivos, que manifestam mais nossa indignação do que analisam substancialmente a situação. Eles podem retratar nosso “estado de espírito”, mas raramente explicam o fato analisado e suas circunstâncias.
Tendemos a observar o particular e generalizar. Só absorvemos o específico, o fenômeno, e dele arriscamos deduzir verdades universais. Um fato pode ser retratado, mas entre o fato e a situação geral, há um caminho longo que, nem sempre, estamos dispostos a percorrer e, então, generalizamos. Contamos diariamente fatos analisados a partir do ideal, sem comparação com outros, do passado, sem a observação real das dificuldades. Imaginamos o ideal e analisamos o real.
Nós, agentes públicos, estranhamos bastante esse comportamento que a rede social amplifica, mas aceitamos como inerente ao exercício da crítica social. Ainda bem que podemos contar com o esclarecimento da informação bem produzida, por quem tem seriedade. O compromisso com a verdade, com a busca da informação qualificada e o respeito a todos, são condições para a boa informação.
Haverá sempre o risco de “pseudoveículos” de informação se comportarem como agentes de ressonância de queixas das redes sociais, beirando a irresponsabilidade, furtando-se do dever de bem informar, de pesquisar, analisar e separar o “joio do trigo”. Generalizar com adjetivos é fácil. Atende à ânsia popular por linchamentos, por cancelamentos imediatos. Mas estes não informam, apenas surfam na onda do momento.
Talvez, seja a natureza humana. Esta natureza que se revela em sua perversidade quando se trata de política, a arte do bem comum, mas praticada por muitos com tática de guerra.