Uma missa realizada neste domingo (16) na Igreja São João Batista, em Jacareí, ficou marcada por um tumulto causado por mulheres que interromperam o padre durante um discurso. Em seu sermão, o religioso falava de figuras que defendiam os direitos humanos, citando a vereadora Marielle Franco, morta em 2016, além do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos em 2022 no Amazonas.
Assim que o padre citou os três nomes durante a homilia, uma das senhoras presentes na igreja se manifestou em voz alta, repetindo posicionamentos associados à campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
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"Padre, o senhor não vai falar de Marielle Franco dentro da casa de Deus", disparou ela, em tom alto e raivoso. "Uma homossexual, uma envolvida com tráfico de drogas", gritou. A ex-vereadora do Rio de Janeiro, no entanto, não tinha nenhum envolvimento com o tráfico de drogas, ao contrário do que dizem diversas fake news que circulam pelas redes sociais. Outra senhora concordou com a manifestação e disse: "Vai defender o aborto também?".
A CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou uma nota afirmando que "momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições".
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"A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil", também diz a nota.
Esse e outros ataques a padres e religiosos no Brasil têm se tornado comuns durante o período de campanha do segundo turno. Um padre foi interrompido durante uma missa no Paraná. O padre Zezinho, de Taubaté, também foi atacado e saiu das redes sociais.
A Diocese de São José dos Campos decidiu não se manifestar sobre o assunto.