21 de dezembro de 2025
ESPECIAL

A história e o legado de Éder Jofre

Por Marcos Eduardo Carvalho | São José dos Campo
| Tempo de leitura: 4 min
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Éder Jofre

O esporte brasileiro perdeu, na última semana, um de seus maiores atletas de todos os tempos. Os mais jovens certamente não vão se lembrar, mas o pugilista Éder Jofre entrou para a história do mundo do boxe. E, aos 86 anos, faleceu deixando um legado de títulos, conquistas e exemplo para o esporte nacional.

Aliás, Éder Jofre inspirou outras gerações futuras, como Adilson Rodrigues Maguila e também Acelino Popó de Freitas. Ou seja, ele cumpriu com chaves de ouro a sua missão no esporte, mais especificamente no boxe.

O ‘Galo de Ouro’, como era chamado durante sua carreira, foi tricampeão mundial na categoria peso-pena e também duas vezes na categoria peso-galo, uma pelo Conselho Mundial e outra pela antiga NBA, atual Associação Mundial de Boxe.

Para se ter uma ideia da importância e da grandeza de Éder Jofre para o esporte brasileiro, ele foi considerado pela revista ‘The Ring’, especializada na modalidade, como o maior pugilista da década de 1960 no mundo. Inclusive, superou o lendário Mohamed Ali, norte-americano, considerado também um dos maiores boxeadores do mundo em todos os tempos.

DISPUTA OLÍMPICA.
Aliás, poucas pessoas sabem, mas Éder Jofre já disputou uma Olimpíada, em Melbourne, na Austrália, onde chegou como um dos favoritos. No entanto, antes, em um treino contra outro brasileiro, fraturou o nariz. E isso afetou diretamente o desempenho de Galinho de Ouro, que depois caiu ainda na segunda luta.

Ainda assim, fez história, conseguiu outros tantos título e, desta maneira, foi tricampeão mundial durante a década de 1960. Para quem viveu aquela época e acompanha esporte, viu de perto este paulistano, filho de argentino, dar show nos ringues.

Por falar em pai, Éder Jofre herdou a paixão e a habilidade pelo boxe dele, José Aristides Jofre, que também foi um atleta respeitado em sua geração. Mas o filho foi ainda mais longe, tanto é que, em 1992, chegou a deixar a marca de seu nome na calçada da fama nos Estados Unidos. Não é para qualquer um.

Jofre parou de lutar no final da década de 1970, quando seu pai já havia falecido e, logo depois, também perdeu o seu irmão. Depois, não lutou mais.

“Ele serve de exemplo para todos os nossos atletas, nossos boxeadores que desejam justamente chegar aos títulos mundiais, superando absolutamente diversos obstáculos. Enfim, ele é um norte para o atleta e para o ser humano por ser uma pessoa especialíssima e merece absolutamente toda a consideração possível do Brasil como herói brasileiro, como atleta exemplar e como herói do boxe”, disse Marcos Brito, presidente da CBBoxe, a confederação brasileira da modalidade, em entrevista à imprensa durante a última semana.

DESILUSÃO.
Após o tricampeonato mundial e a unificação dos título, em 1966 Éder Jofre vinha de uma incrível temporada apenas com vitórias por nocaute. Contudo, neste ano, perdeu para o japonês Fighting Harada, em um resultado bastante polêmico. Depois, em uma revanche, perdeu de novo, com nova atuação polêmica da arbitragem, o que acabou desanimando um pouco a carreira do multi campeão.

Depois disso, foram poucas as competições, até abandonar de vez a carreira de boxeador em meados da década em 1970. De todo o modo, Éder Jofre já tinha escrito o seu nome na história do boxe mundial e já era um dos maiores atletas brasileiros de todos os tempos.

Até hoje, ele é reconhecido e lembrado no mundo do boxe por conta de suas conquistas inesquecíveis dentro do ringue. Assim, ele se tornou um atleta imortalizado e que nunca vai sair da memória dos fãs.

SAÚDE ABALADA.
Entretanto, tudo tem o seu preço e o boxe deixou marcas na saúde de Éder Jofre. Ele sofria de Encefalopatia Traumática Crônica, uma doença causada pelas pancadas levadas na cabeça durante a carreira de boxeador, e que também já acometeu muitos atletas desta modalidade. Inclusive, chegou a ser diagnosticado inicialmente com Mal de Alzheimer, o que depois acabou sendo descartado.

Mas, sua morte seu deu por conta de uma insuficiência renal, após outro problema que também já vinha enfrentando. Ele era viúvo desde 2013 e deixou um casal de filhos. Mas também deixou uma longa história de muitos títulos e muitas vitórias ao longo da carreira, se tornando um dos grandes nomes e orgulhos do esporte brasileiro.

Éder Jofre já foi tema de filme no cinema

Os títulos memoráveis de Éder Jofre foram parar nas telas de cinema, com o filme ’10 segundos para vencer’. Com Daniel de Oliveira no papel do lutador, o filme conta ainda com a participação de Osmar Prado, Ravel Andrade, Sandra Corveloni, Kelly Freitas, Samuel Toledo, Wither Dalus e Ricardo Gelli. A data de lançamento do filme foi 27 de setembro de 2018. Basicamente, o filme conta sua história e a relação entre ele e seu pai e treinador, Kid Jofre, além de mostrar suas grandes conquistas no boxe.