A ‘Cidade Proibida’ do crime. Nela, abrigam-se os ‘generais’ da mais temida organização criminosa brasileira, uma espécie de multinacional da violência, cuja história é escrita com drogas, pólvora e sangue. Porém, a ‘Cidade Proibida’ não é um lugar, é sim a mais alta patente nas fileiras do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que hoje atua em 23 estados brasileiros e no exterior, movimentando cifras bilionárias com um império de violência.
Também conhecida como ‘Chefia-geral’, a ‘Cidade Proibida’ reúne os líderes históricos da organização, criada em 31 de agosto de 1993 no ‘Piranhão’, o pavilhão anexo à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, apelidado de ‘fábrica de monstros’ e ‘campo de concentração’ pelos integrantes da quadrilha.
"Graduação mais alta de hierarquia conhecida na organização criminosa. Atualmente, é composta por alguns dos fundadores 'clássicos' ou 'tradicionais' da organização criminosa, na sua maioria recolhidos em unidades prisionais do estado de São Paulo e/ou em penitenciárias federais", explica o 'Glossário do PCC', documento confidencial produzido pelo setor de inteligência do sistema prisional de Minas Gerais e obtido por OVALE.
O documento obtido pela reportagem tem um dicionário a respeito de termos usados pelos 'irmãos' (como são chamados na gíria do crime os integrantes do PCC) e traz informações sobre a facção, que possui uma estrutura organizacional como uma empresa voltada para lucros astronômicos com tráfico de drogas, assaltos e outros delitos.
A asfixia financeira do PCC é apontada por fontes ligadas às forças de segurança como um braço importante do combate à facção. O PCC é alvo de investigações do Ministério Público e forças de segurança pública nacionais e estaduais.
SINTONIA.
A estrutura é dividida por 'sintonias' -- como são conhecidos os departamentos da facção. A 'Sintonia Final' é a principal e concentra a alta patente do PCC -- tem membros de diferentes estados, com o objetivo de analisar 'tratativas da organização em âmbito nacional'. "Setor correspondente à cúpula da organização criminosa, composta reconhecidamente por sentenciados considerados como os líderes clássicos da organização criminosa, tendo como o mais tradicional, pública e notoriamente, o sentenciado Marcos Willian Herbas Camacho, vulgo Marcola", diz o 'Glossário do PCC'.
Cada estado tem também sua sintonia. O organograma mostra ainda setores responsáveis por drogas, armas, assistência a familiares, 'RH', financeiro, jurídico e outros.