Após negar ser coveiro e desdenhar quase 700 mil mortes causadas pelo coronavírus no país, o presidente Jair Bolsonaro viaja à Inglaterra na próxima semana para participar do funeral de Elizabeth 2a, atrás de uma imagem que o ajude nesta reta final do primeiro turno. Teve quase 700 mil chances de prestar solidariedade às famílias de brasileiros e brasileiras mortos pela codiv-19, numa pandemia agravada pela inaptidão de seu governo. Não o fez. Agora, viaja a Londres, coveiro de luxo, carpideira de lágrimas de crocodilo. De quebra, vai a Assembleia Geral da ONU, numa tentativa de ganhar lustros de estadista. Tomara que não repita lá seu pronunciamento de 7 de Setembro e transforme o discurso de abertura da 74a. Assembleia Geral em ode a seu “piu-piu”. Já pensou Bolsonaro gritando “imbroxável!” nas Nações Unidas?
Brincadeiras à parte, a realidade é que Bolsonaro é um presidente medíocre, mas um político esperto, que dita a pauta do país com maestria. Pena que esse talento não seja usado para o bem-comum.
Bolsonaro foi eleito em uma maré moralista com a promessa de mudar tudo isso aí, como dizia. Em três anos e meio, seu governo reúne uma coleção de escândalos de causar inveja em Dias Gomes e Odorico Paraguaçu; candidaturas laranja, Orçamento Secreto, pacto com o Centrão, escândalo das vacinas, propina no MEC, verba para escolas fake, “rachadinhas”, cheque de R$ 89 mil na conta da primeira-dama, coleção de imóveis comprados com dinheiro vivo, a lista vai longe. Sobre muitos casos paira sigilo de 100 anos, decretado pelo presidente. Sobre outros, a apatia da PF. Quando a coisa aperta, ameaça um golpe, ataca o STF, os governadores, a imprensa. Não dá mais para tapar o sol com a peneira: para ser ruim, Bolsonaro precisa melhorar muito. Não dá mais para olhar a banda passar e culpar a pandemia, a Guerra na Ucrânia, o ICMS dos combustíveis. O governo “flopou”, a inflação voltou e o brasileiro passa fome. Fosse gestor de empresa privada, Bolsonaro seria demitido por justa causa. Vai ser demitido pelo voto, como manda a democracia.
Nunca foi tão fácil votar para presidente. O Brasil tem 11 candidatos, de diversos espectros políticos, de Soraya Tronicke (União Brasil) a Vera Lúcia (PSTU), de Simone Tebet (MDB) a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de Ciro Gomes (PDT) a Luiz Felipe D’Ávila (Novo), entre outros. É só escolher um. Se você acha normal ameaçar pessoas, negar comida a quem tem fome, demitir quem não apoiam o governo; se acha que vale-tudo para derrotar o PT, vote Bolsonaro. Se você discorda disso, escolha outro. A lista é grande. Agora, se quiser zerar tudo no primeiro turno e dar adeus ao desgoverno Bolsonaro, vote Lula. O voto é um instrumento de mudança. Use-o, sem moderação.