JUSTIÇA

Quem é Roger Abdelmassih, ex-médico ‘monstro’ preso em Tremembé

Nova série sobre médico especializado em fertilidade que estuprava pacientes estreou no streaming da Discovery+

Por Thais Perez | 06/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Roger Abdelmassih, quando retornou ao Brasil em 2014, depois de capturado no Paraguai
Roger Abdelmassih, quando retornou ao Brasil em 2014, depois de capturado no Paraguai

Há doze anos, o médico Roger Abdelmassih trocou sua mansão no bairro luxuoso Jardins, em São Paulo, por uma cela de prisão. Condenado a 181 anos de prisão, o especialista em reprodução humana estuprou mais de 50 mulheres em sua clínica. Ainda hoje, com 78 anos, Abdelmassih se diz inocente.

Roger Abdelmassih é um dos ‘moradores’ da P2 "Dr. José Augusto Salgado" de Tremembé, lugar de onde sua defesa tenta constantemente tirá-lo.

No fim de julho deste ano, a Justiça negou novamente o pedido para que o ex-médico voltasse para a prisão domiciliar, que chegou a cumprir por dois anos em um apartamento em São Paulo.

HISTÓRIA.
Filho de médicos libaneses, Roger Abdelmassih, que atualmente tem 78 anos, sempre foi incentivado a seguir a carreira da medicina. Sua família fazia parte da alta sociedade, tendo ele frequentado locais sofisticados, com pessoas “importantes”, como políticos.

O médico se especializou em Urologia e abriu uma clínica em conjunto com um colega. Na época, só atendia pessoas "que fossem agregar algo em sua carreira profissional", segundo pessoas próximas a ele. Após o fim da parceria, abriu sua própria clínica especializada em fertilização in vitro.

Abdelmassih tornou-se conhecido por ser um dos pioneiros da técnica no Brasil, sendo procurado por mulheres de todo o país que tinham a esperança de engravidar. Ele atendeu pessoas famosas, como a mãe das filhas de Gugu Liberato, Fátima Bernardes, a esposa do ex-presidente Fernando Collor, entre outras.

Sua figura ficou conhecida em programas de TV, onde dava entrevista, mantendo uma imagem respeitada tanto na mídia, quanto na comunidade médica. Ele chegou a ser entrevistado pela apresentadora Hebe Camargo.

VÍTIMAS.
Vana Lopes foi uma das pacientes de Roger Abdelmassih em 1993. “Eu e meu marido fomos absorvendo as palavras dele com muita esperança. O mais importante que ele disse é que ele tinha certeza de que íamos ser pai e mãe”, conta ela, na série da Discovery+.

Ela e seu marido pagaram uma quantia alta de dinheiro para realizar o procedimento médico, equivalente ao preço de um apartamento. Na terceira tentativa de fertilização, Vana acordou da anestesia e se deparou com o médico em cima dela, estuprando-a.

A vítima teve uma infecção generalizada por uma bactéria transmitida pelo médico e teve que retirar órgãos. Ficou estéril e desenvolveu doenças físicas e psicológicas.

Roger Abdelmassih foi condenado pelo crime de estupro por 50 mulheres. Ele sempre repetia o mesmo modus operandi: abusava sexualmente de suas pacientes enquanto elas estavam inconscientes. Cerca de 7,5 mil crianças nasceram com o processo de inseminação artificial feito no consultório de Abdelmassih.

DENÚNCIAS.
Em 2009, começaram a surgir as primeiras denúncias contra o médico. A Polícia Civil começou a investigar o caso e colheu os primeiros depoimentos de ex-pacientes e funcionárias de Abdelmassih.

Abdelmassih repudiou as acusações e disse ver ação orquestrada por concorrentes. "Não sou louco. Se sou alguém querido e a pessoa quer se irritar, quer entender que houve algo que não existiu, não posso fazer nada”, declarou o ex-médico à Folha, na época.

O médico foi preso preventivamente em 2010, mas foi solto e fugiu logo em seguida. Após mais de três anos sendo procurado pela polícia, Abdelmassih foi preso pela Polícia Federal no dia 19 de agosto de 2014.


TREMEMBÉ.
Atualmente, Roger Abdelmassih cumpre pena na P2, penitenciária de Tremembé. A defesa do médico tenta transformar sua prisão em domiciliar, alegando que o acusado tem problemas graves de saúde e pela sua idade avançada. Contudo, todos os pedidos foram negados.

Em julho deste ano, a Justiça negou um novo pedido alegando que o preso "vem recebendo cuidados contínuos no cárcere, medicação adequada, atenção especial, acompanhamento médico disponível de forma ininterrupta, cujo serviço é mantido na própria unidade prisional".

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