Voto útil. Esse é um termo que iremos escutar bastante até outubro. E que pode ser crucial para definir a eleição desse ano.
O voto útil é, hoje, a principal aposta do ex-presidente Lula (PT) para vencer ainda no primeiro turno a disputa contra o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). E a ofensiva petista conseguiu, nos últimos dias, importantes conquistas nesse sentido, como as desistências de dois pré-candidatos que tinham entre 1% e 3% nas pesquisas: Luciano Bivar, que foi substituído por Soraya Thronicke no União Brasil, e André Janones, do Avante, partido que integrará a coligação de apoio a Lula.
Ainda com esses dois pré-candidatos, as principais pesquisas mostravam, até agora, o ex-presidente com pouco mais de 50% dos votos válidos. Ou seja, no limite para vencer a eleição no primeiro turno.
A conta é simples. Para evitar o segundo turno, o petista precisa ter mais votos do que a soma de todos os outros candidatos. Por isso, quanto menor for o número de postulantes, melhor para Lula. Não à toa, o ex-presidente tentou até o fim convencer o MDB a desistir de lançar Simone Tebet, que tem variado de 2% a 4% nas pesquisas.
Tebet e Ciro Gomes (PDT), que tem marcado de 5% a 8%, seguem na disputa. Mas serão eles, justamente, os principais alvos do apelo pelo tal do voto útil. O último Datafolha mostrou que, entre os eleitores que declaram voto em Lula e Bolsonaro, 79% dizem estar totalmente decididos. Por outro lado, entre os eleitores de Ciro, 65% afirmam que podem mudar de voto. E entre os de Tebet, o percentual é de 59%.
A mesma pesquisa do Datafolha mostrou que, entre os eleitores de Ciro, 36% consideram Lula a segunda opção de voto e 17% votariam em Bolsonaro. Entre os eleitores de Tebet, 33% consideram o petista como a segunda opção de voto, e nenhum citou o atual presidente.
Algumas das últimas pesquisas já mostraram Ciro oscilando negativamente. Sinal do voto útil agindo? A favor desse movimento está a aposta de que Bolsonaro teria mais força para tentar um golpe no segundo turno do que no primeiro, já que nesse último cenário dependeria de que deputados e senadores aliados contestassem a votação que os elegeu.
Do lado de Bolsonaro, a principal aposta para chegar ao segundo turno é o pacotão de R$ 40 bilhões em medidas eleitoreiras, como o aumento do Auxílio Brasil e também do vale-gás, que começa a valer esse mês. Vai dar tempo de melhorar a imagem do governo e baixar os índices de rejeição do presidente, que seguem altíssimos?
Faltando menos de dois meses para o primeiro turno, que pode ser o único, as estratégias dos dois lados já são bem definidas. Agora é hora de ver qual das táticas terá mais sucesso entre os eleitores.