Se existia uma viva alma que ainda acreditava que os protestos de 2015 e 2016 tiveram como mote verdadeiro o combate à corrupção, prefiro acreditar que isso chegou ao fim após as votações das duas denúncias contra Michel Temer na Câmara dos Deputados.
E não falo isso por causa do resultado das votações. Dos nossos políticos, não se esperava coisa diferente.
Mas o tempo veio comprovar, infelizmente, que atos políticos que superaram -- em número -- até as Diretas Já não passaram de episódios com propósito dissimulado.
A crítica não é contra as pessoas que foram nesses protestos. O direito de se manifestar é legítimo e a suposta causa também era. Embora eu conheça diversas pessoas que tenham participado só porque era contra partido A e não contra B ou C, acho que a maioria dos manifestantes acreditou de verdade no mote oficial.
Mas o tempo comprovou que grupos como MBL, Revoltados Online e Vem pra Rua, responsáveis por promover os protestos de 2015 e 2016, não estavam realmente empenhados em combater a corrupção. Afinal, se estivessem, não teria faltado motivo para protestar em 2017, não é?
Se, por um lado, o famoso áudio de Romero Jucá mostrou que o interesse político no impeachment era "estancar a sangria", por outro ficou claro que os grupos que organizavam movimentos de rua tinham, como pautas reais, o liberalismo econômico e propostas conservadoras -- tópicos que deveriam ser debatidos numa eleição, e não em um impeachment.
Hoje, qualquer político que defende essas pautas tem o apoio desses grupos.
Isso já era óbvio para alguns desde o início. Para outros, só ficou depois. O mais triste disso tudo é que um país de 207 milhões de habitantes mostra não ter a força necessária para se mobilizar -- a partir do povo, e não de aproveitadores -- para combater a corrupção.
As panelas silenciaram e viram que a única verdade de quem organizava os protestos veio de um pato amarelo. Ele diziam que não ia pagar o pato. E não mesmo. É a gente que está pagando..