CÂMARA

PSDB avalia processo interno contra vereador que 'traiu' oposição

Por Julio Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Cleverson Nunes/CMSJC
Sidney Campos está no primeiro mandato como vereador
Sidney Campos está no primeiro mandato como vereador

O PSDB de São José dos Campos avalia a abertura de um processo disciplinar interno contra o vereador Sidney Campos (PSDB), que ignorou orientação do partido - de fazer oposição ao prefeito Anderson Farias (PSD) - e votou em apoio ao governo na primeira sessão ordinária do ano.

Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp

Nessa quarta-feira (5), um dia após a sessão, o perfil oficial do PSDB de São José nas redes sociais compartilhou a reportagem de OVALE sobre o voto do vereador e, na sequência, postou a frase "a política perdoa a traição, mas não os traidores", citando que "aqueles que traem são frequentemente descartados quando deixam de ser úteis".

Questionado pela reportagem, o presidente municipal do PSDB, José Mello, confirmou a insatisfação com o voto de Sidney. "Certamente os votos recebidos pelos candidatos [do PSDB na eleição de 2024] foram pelo esforço da sigla e do partido. Um desrespeito aos eleitores do partido mudar de rumo, seja por cargos ou vantagens particulares", disse. "Amanhã mesmo [quinta-feira] faremos uma reunião de executiva do partido com o líder do PSDB [na Câmara], Fernando Petiti, para tomarmos as providências necessárias. Mas complemento, e espero, que, no caso específico, a atitude tomada pelo vereador [Sidney] tenha sido por inexperiência política, visto ser seu primeiro mandato".

Caso o partido abra um processo administrativo disciplinar contra Sidney, o vereador poderá receber punições como advertência, suspensão e até expulsão. "A executiva e o diretório irão decidir, sim, qual o caminho a ser tomado, mas o parecer do nosso jurídico, baseado no estatuto do PSDB de 2017, prevê todas essas medidas [advertência, suspensão, expulsão]. Uma comissão de ética poderá ser instalada. O PSDB segue firme no trabalho ético, democrático e histórico, focando sempre nas pautas importantes das pessoas e da cidade", afirmou Mello.

Orientação.

Dois dias após o segundo turno da eleição municipal do ano passado, quando Anderson derrotou Eduardo Cury (PL), o PL e a federação PSDB-Cidadania emitiram notas públicas em que manifestaram que os partidos fariam oposição ao governo. O PL elegeu cinco vereadores (Anderson Senna, Lino Bispo, Roberto Chagas, Sérgio Camargo e Thomaz Henrique), o PSDB dois (Fernando Petiti e Sidney Campos) e o Cidadania um (Carlos Abranches).

Na sequência, a futura oposição se reuniu em um grupo de 11 vereadores eleitos, dos quais também faziam parte Amélia Naomi (PT), Juliana Fraga (PT) e Renato Santiago (União). Em pelo menos quatro reuniões realizadas até o fim de 2024, o grupo combinou que elegeria maioria na Mesa Diretora e nas comissões permanentes.

Na eleição da Mesa Diretora, realizada de forma secreta em 1º de janeiro, a oposição teve apenas nove dos 11 votos, e o governo, com 12, saiu vencedor. Ao perder maioria também nas comissões permanentes, a oposição permitirá que a base aliada mantenha a blindagem adotada na legislatura anterior para barrar projetos que contrariam o prefeito.

Nessa terça-feira (4), em votação aberta, dois vereadores que pertenciam ao grupo dos 11 votaram a favor do governo e ajudaram a barrar requerimentos da oposição. Um deles foi Sidney Campos, e o outro foi Renato Santiago.

Sidney.

Ouvido pela reportagem nessa quarta-feira, Sidney negou que esteja na base do governo, mas também disse que não fará oposição ao prefeito. "Uma coisa é votar projeto a projeto. Eu sou independente, não estou no governo. Posso votar contra [o governo] também. Não estou 100% com eles. Ninguém [na Câmara] vai ser 100% oposição e nem 100% governo".

Sidney disse que não votou a favor do governo na eleição da Mesa Diretora, mas admitiu que votou contra os requerimentos da oposição nessa terça-feira para atender pedido da base aliada ao prefeito.

O vereador alegou, no entanto, que não considera ter desrespeitado a orientação do PSDB, pois não teria feito parte da decisão do partido. "Nunca fui consultado pelo PSDB se eu deveria ser oposição ou não. Não tem nenhum documento assinado por mim. Não estou na base do governo. E o que o partido decidir [sobre processo disciplinar], deixa decidir".

O presidente municipal do PSDB rebateu a afirmação do vereador. "Foi convidado sim [para a reunião do partido], foi consultado, foi informado da carta [em que o PSDB orientou oposição] e não se opôs. Informou que estava doente. Nesta reunião estavam a executiva, mais os candidatos eleitos Petiti e Abranches, além de Emanuel Fernandes. A decisão foi unânime, e pelo estatuto do partido deve ser acatada por todos", disse Mello.

Comentários

Comentários