CAPITAL DA VIOLÊNCIA

Até quando? Vale tem 8 das 11 cidades mais violentas de São Paulo

Por OVALE | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação

Os números da segurança (ou da insegurança) pública.
Capital da violência em São Paulo, a RMVale concentra 8 das 11 cidades com a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes no estado. Vale repetir: a Região Metropolitana do Vale do Paraíba abriga 8 dos 11 municípios com os índices de homicídio mais altos em todo o território paulista. O levantamento foi feito por OVALE, com base em dados oficiais da SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo, referentes ao ano de 2024.

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O 'top 5' do ranking é formado por Cruzeiro (1º lugar/30,68 vítimas de homicídio por 100 mil habitantes), Guaratinguetá (2º/25,41), Lorena (3º/23,57), Caraguatatuba (4º/22,24) e Pindamonhangaba (5º/19,95). Em São Paulo, a média é de 5,9 vítimas de homicídio por 100 mil habitantes. Na capital, a taxa é de 4,36. Já na Grande SP, é 5,22, enquanto no interior sobe para 6,92.

Na RMVale, que desde 2010 ocupa o topo do pódio da violência em São Paulo, a taxa é de 11,71 -- mais do que o dobro da capital.
Entre os municípios, os três primeiros colocados (Cruzeiro, Guaratinguetá e Lorena) estão localizados no Vale Histórico -- vale lembrar que, em entrevista a OVALE, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) destacou que a região do Vale da Fé é hoje palco de uma 'guerra' entre facções criminosas do Rio de Janeiro e o PCC (Primeiro Comando da Capital).

"Quando eu falo da gravidade do crime organizado a gente tem que entender que a coisa é séria (...) 80% dos homicídios no Brasil estão relacionados ao tráfico de drogas e ocorrem em disputas de vendas de drogas. Por que São Paulo tem uma das menores taxas [de homicídios] do Brasil? Porque aqui temos uma facção hegemônica [PCC], temos pouca disputa. E onde é que o estado de São Paulo tem os maiores índices de homicídio? Justamente no Vale do Paraíba", afirmou o governador a OVALE, em abril de 2024.

Diante do quadro, Tarcísio, reforçando o que havia sido prometido na campanha, afirmou que o Vale é prioridade no combate ao crime, ao lado da capital e da Baixada Santista.

"E isso é um reflexo da proximidade com o Rio de Janeiro. Isso é o crime organizado tentando, com as facções criminosas do Rio de Janeiro, ingressar no território de São Paulo e a contenção da facção hegemônica de São Paulo. É o Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigo dos Amigos contra o PCC. Eles tentam entrar no território paulista e são contidos, mas aí tem disputa pelos pontos de drogas. É por isso que os índices de homicídios no Vale do Paraíba são muito maiores do que no restante do estado todo. Há uma hegemonia de uma facção no estado todo [PCC] e há uma disputa no Vale do Paraíba. Por isso que eu falo, o tráfico de drogas é uma coisa muito séria, muito grave, e precisa ser combatido", afirmou o governador. 

Vale lembrar, obviamente, que o combate ao crime organizado é tarefa das forças de segurança pública estaduais e federais.

Fato é que, de 2010 para cá, ao longo do triste período de 15 anos de liderança da RMVale no ranking da violência em São Paulo, muitas promessas foram feitas e, ao menos no discurso, a região seria tratada como prioridade no enfrentamento ao crime. É verdade que, em 2024, o Vale teve queda de 6,65% no número de homicídios, na comparação com o ano anterior (caiu de 316 para 295 vítimas), e tem tido avanços no cerco aos criminosos com a gestão do coronel Luís Fernando Alves, comandante do CPI-1 (Comando de Policiamento do Interior) -- como, por exemplo, a forte atuação em adegas irregulares. 

No entanto, ainda é pouco.

O projeto Muralha Paulista, principal aposta do Estado no combate à violência, pode representar um avanço importante, desde que, efetivamente, saia do papel.

O edital deste cinturão eletrônico, que será implementado como modelo na RMVale, foi suspenso em outubro de 2023, com a expectativa de ser relançado em fevereiro de 2024. Não foi. Em entrevista a OVALE, no Palácio dos Bandeirantes, como governador em exercício, Felicio Ramuth (PSD) deu um novo prazo: 15 de fevereiro de 2025.

Que o prazo, desta vez, seja cumprido.

Como faz desde 2010, quando revelou com exclusividade que a RMVale havia alcançado a liderança dos homicídios em São Paulo, OVALE seguirá vigilante, cobrando que medidas efetivas sejam adotadas.

Enquanto a RMVale se mantém no triste pódio da violência, vale ter sempre à mão outro número ligado à segurança pública: o 190.

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