Dois ex-vereadores de Taubaté, quatro ex-prefeitos filiados ao PSD, além de antigos assessores e pessoas ligadas a vereadores aliados. Essa é a composição do gabinete do agora deputado estadual Ortiz Junior (sem partido) na Assembleia Legislativa.
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Até a tarde dessa terça-feira (21), 16 assessores haviam sido nomeados para o gabinete de Ortiz, que era suplente e tomou posse no dia 6 de janeiro.
Os salários dos assessores variam de R$ 7.660,51 a R$ 15.530,86. No total, os 16 nomeados receberão R$ 156 mil por mês.
Ex-vereadores.
Na semana passada, OVALE já havia mostrado a nomeação do ex-vereador Coletor Tigrão (Cidadania), que atuou na Câmara de Taubaté de 2021 a 2024.
Depois, outro ex-vereador, Paulo Miranda (MDB), também foi nomeado para o gabinete de Ortiz. Ele atuou na Câmara por dois mandatos não consecutivos, de 2013 a 2016 e de 2021 a 2024. Em 2016, quando presidia a Câmara, Miranda chegou a exercer o papel de prefeito durante 98 dias, durante afastamento de Ortiz pela Justiça Eleitoral.
Em dezembro de 2024, Tigrão e Miranda votaram pela aprovação das contas de 2020 de Ortiz. Na Assembleia, os ex-vereadores irão receber salário de R$ 8.624,99.
Ex-prefeitos.
Quatro ex-prefeitos filiados ao PSD foram nomeados para o gabinete de Ortiz. Dois deles encerraram mandatos em dezembro do ano passado: Ana Lucia Bilard, que comandou São Luiz do Paraitinga de 2017 a 2024, e Vitão, que foi prefeito de Paraibuna no mesmo período.
Outros dois foram prefeitos de 2017 a 2020 e, na disputa de 2024, não conseguiram retornar aos cargos: Delcio Sato (Ubatuba) e Ronaldo Venâncio (São Bento do Sapucaí).
Os quatro ex-prefeitos foram nomeados para cargos com salário de R$ 10.267,51.
Outros.
Entre os outros assessores, três atuaram na Prefeitura de Taubaté durante o governo Ortiz, entre 2013 e 2020. Edsson Chacrinha, que é o braço do ex-prefeito, era chefe de gabinete; Claudio Macaé foi secretário de Esportes e de Educação; e Carlos Alberto da Silva Junior foi diretor da Defesa Civil. Chacrinha e Macaé receberão salário de R$ 15.530,86, e Carlos Alberto de R$ 9.257,57.
Com o nome de Carlinhos Jr, Carlos Alberto foi candidato a vereador em 2024 pelo PSD, partido que integrava a coligação de Ortiz, que acabou derrotado no segundo turno por Sérgio Victor (Novo). Outros dois nomeados para o gabinete na Alesp também concorreram a uma vaga na Câmara pelo mesmo partido no ano passado: Rita Arena e Isaac Praça - esse último chegou a atuar como assessor no governo do ex-prefeito José Saud (PP). Rita e Isaac terão salário de R$ 7.970,81.
Outro ex-integrante do governo Saud nomeado para o gabinete de Ortiz é Marcio Andrade de Carvalho, que foi diretor de Meio Ambiente da Prefeitura de Taubaté de 2021 a 2024. Marcio, que receberá salário de R$ 8.624,99, é ligado ao vereador Douglas Carbonne (Solidariedade), que é aliado de Ortiz e também votou a favor das contas de 2020 do ex-prefeito.
Outro assessor de Ortiz, Valdemiro Patricio Gomes Filho foi candidato a vereador em Hortolândia (SP) pelo PSB no ano passado, com o nome de Valdir Gomes, mas também não conseguiu ser eleito.
Justificativa.
Sobre a nomeação de Paulo Miranda, Ortiz afirmou à reportagem que o assessor "foi vereador, presidente da Câmara e prefeito de Taubaté", e "tem grande experiência política, administrativa e legislativa".
Sobre a nomeação de Marcio Andrade de Carvalho, Ortiz disse que "uma das bandeiras do mandato é o apoio às ações de hospitais veterinários e centros de zoonoses da região", e que "a escolha portanto é autoexplicativa" - na Prefeitura, Marcio era um dos responsáveis pelo Hospital Público Veterinário.
Sobre as nomeações de Ana Lucia, Vitão, Sato e Venâncio, todos do PSD, Ortiz afirmou que "a experiência de ex-prefeitos nos ajuda numa das principais missões do mandato: relacionamento com prefeitos e atores políticos das cidades da RMVale, estabelecendo um critério de prioridades de projetos na destinação das emendas impositivas", e que "a questão partidária não foi relevante para as escolhas".
Sobre a nomeação de Rita e Isaac, que foram candidatos a vereador pelo PSD, Ortiz disse que ambos "representam a conexão com segmentos importantes da comunidade taubateana: famílias atípicas e comunidades de base cristã, respectivamente", e que "esses diálogos são fundamentais e enriquecem as ações e prioridades do mandato".
Partido.
Ortiz é alvo de uma ação de infidelidade partidária movida pelo PSDB e por Damaris Moura Kuo (PSDB), que é a próxima suplente da federação PSDB/Cidadania na Assembleia Legislativa.
Em dezembro de 2024, a pedido de Damaris, a executiva nacional do PSDB anulou a última filiação de Ortiz ao partido, o que foi reconhecido pela Justiça Eleitoral esse mês.
A reportagem questionou Ortiz se a nomeação de tantos nomes do PSD no gabinete indica que o deputado mantém conversas para se filiar ao partido. "Não há nenhum movimento voltado a filiação partidária nesse momento", respondeu o ex-prefeito.