HISTÓRIA

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Drama familiar e curiosidade científica aproximaram Monteiro Lobato do espiritismo

Drama familiar e curiosidade científica aproximaram Monteiro Lobato do espiritismo

Escritor taubateano criou um código secreto com sua esposa Purezinha para se comunicarem após a morte. História inspirou filme sobre Lobato aventureiro e caçador de fantasmas.

Escritor taubateano criou um código secreto com sua esposa Purezinha para se comunicarem após a morte. História inspirou filme sobre Lobato aventureiro e caçador de fantasmas.

Por Débora Brito | 22/05/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Taubaté

Por Débora Brito
Taubaté

22/05/2023 - Tempo de leitura: 2 min

Divulgação

Monteiro Lobato foi preso na ditadura do Estado Novo, em 1941. Prisão e a morte dos filhos teriam aproximado o escritor do espiritismo.

Pai do Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato é conhecido como ‘patrono’ da literatura infantil brasileira. O grande público, porém, nada sabe sobre a incursão do escritor taubateano no universo dos espíritos.

Nascido em 1882 e falecido em 1948, Lobato despertou o seu interesse pela vida após a morte depois de sua prisão pela ditadura do Estado Novo (1940)  e da morte de seus filhos (nos anos de 1939 e 1942).

Após a morte de Guilherme e Edgard, de 26 e 31 anos, respectivamente, ambos por tuberculose, Lobato decidiu recorrer ao espiritismo para tentar se comunicar com eles, de acordo com a obra ‘Contribuição à História de Taubaté’, livro que tem a autoria de Umberto Passarelli.

A bisneta do escritor, Cléo Monteiro Lobato conta a OVALE que o interesse maior na verdade foi de Purezinha, esposa de Lobato, que, junto com outras mulheres da família, liderou sessões espíritas em busca de contatos com os filhos.

As sessões eram realizadas em uma chácara de Tremembé e foram relatadas no livro “Monteiro Lobato e o espiritismo”, de Maria Ribas.

Lobato participou das sessões, porém como ‘observador’ e relator das atas. Ele também teria se aproximado de religiões indianas. Purezinha chegou a criar com Lobato um código secreto para que pudessem se comunicar depois da morte.

Diz a lenda que a senha seria ‘Muitas vidas vivem em uma”, mas a família diz que o segredo nunca foi revelado, pelo menos até a morte de Purezinha, em 1959.

“Ele era um homem científico. Nos anos da faculdade ele se declarou ‘acatólico’ e ‘anti religião’, qualquer uma. Inclusive não batizou nenhum dos filhos, porque ele achava imoral batizar uma criança inocente sem deixar ela decidir o que queria ser”, disse a bisneta.

Cléo acrescenta que na época ele estava estudando como partículas formavam a energia. E lembra da invenção da máquina “porviroscópio”, criada por Lobato para ler futuros. “Ele estava sempre à frente do seu tempo”, comentou CLéo.

O pesquisador Pedro Rubim, do Almanaque Urupês, afirma que Lobato era ‘curioso’. “Não podemos dizer que ele era espírita e sim um curioso do assunto. Falava muito do pós-vida. Tem até aquela frase famosa dele ‘quero saber se a morte é ponto final ou ponto e vírgula’.

IMAGINAÇÃO.

Inspirado nas experiências sobrenaturais de Monteiro Lobato, o cineasta Marcelo Trigo criou um filme que traz o escritor como caçador de espíritos. A caça seria feita com uma máquina capaz de ver entidades em casas mal-assombradas. No roteiro, o aparelho foi doado por Conan Doyle, o célebre criador de Sherlock Holmes. O filme está inscrito em editais para captação de recursos.

"É uma história alternativa, que jamais aconteceu, mas apresenta o Lobato reimaginado, sob o olhar da ciência e dos interesses com os quais ele mesmo enxergava o tempo”, explica Trigo.

Pai do Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato é conhecido como ‘patrono’ da literatura infantil brasileira. O grande público, porém, nada sabe sobre a incursão do escritor taubateano no universo dos espíritos.

Nascido em 1882 e falecido em 1948, Lobato despertou o seu interesse pela vida após a morte depois de sua prisão pela ditadura do Estado Novo (1940)  e da morte de seus filhos (nos anos de 1939 e 1942).

Após a morte de Guilherme e Edgard, de 26 e 31 anos, respectivamente, ambos por tuberculose, Lobato decidiu recorrer ao espiritismo para tentar se comunicar com eles, de acordo com a obra ‘Contribuição à História de Taubaté’, livro que tem a autoria de Umberto Passarelli.

A bisneta do escritor, Cléo Monteiro Lobato conta a OVALE que o interesse maior na verdade foi de Purezinha, esposa de Lobato, que, junto com outras mulheres da família, liderou sessões espíritas em busca de contatos com os filhos.

As sessões eram realizadas em uma chácara de Tremembé e foram relatadas no livro “Monteiro Lobato e o espiritismo”, de Maria Ribas.

Lobato participou das sessões, porém como ‘observador’ e relator das atas. Ele também teria se aproximado de religiões indianas. Purezinha chegou a criar com Lobato um código secreto para que pudessem se comunicar depois da morte.

Diz a lenda que a senha seria ‘Muitas vidas vivem em uma”, mas a família diz que o segredo nunca foi revelado, pelo menos até a morte de Purezinha, em 1959.

“Ele era um homem científico. Nos anos da faculdade ele se declarou ‘acatólico’ e ‘anti religião’, qualquer uma. Inclusive não batizou nenhum dos filhos, porque ele achava imoral batizar uma criança inocente sem deixar ela decidir o que queria ser”, disse a bisneta.

Cléo acrescenta que na época ele estava estudando como partículas formavam a energia. E lembra da invenção da máquina “porviroscópio”, criada por Lobato para ler futuros. “Ele estava sempre à frente do seu tempo”, comentou CLéo.

O pesquisador Pedro Rubim, do Almanaque Urupês, afirma que Lobato era ‘curioso’. “Não podemos dizer que ele era espírita e sim um curioso do assunto. Falava muito do pós-vida. Tem até aquela frase famosa dele ‘quero saber se a morte é ponto final ou ponto e vírgula’.

IMAGINAÇÃO.

Inspirado nas experiências sobrenaturais de Monteiro Lobato, o cineasta Marcelo Trigo criou um filme que traz o escritor como caçador de espíritos. A caça seria feita com uma máquina capaz de ver entidades em casas mal-assombradas. No roteiro, o aparelho foi doado por Conan Doyle, o célebre criador de Sherlock Holmes. O filme está inscrito em editais para captação de recursos.

"É uma história alternativa, que jamais aconteceu, mas apresenta o Lobato reimaginado, sob o olhar da ciência e dos interesses com os quais ele mesmo enxergava o tempo”, explica Trigo.

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