O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) ampliou um alerta vermelho de calor extremo para diversas áreas do Sudeste do país, válido até 18h desta terça-feira (30).
Uma onda de altas temperaturas afeta a região há mais de três dias. O instituto classifica a situação como de "grande perigo". Há ainda um alerta amarelo (de menor gravidade) de tempestades que também atinge parte da mesma região.
O mapa de alerta vermelho do Inmet engloba quase todos os municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, além do sul de Minas. Ao todo, são 1.076 cidades afetadas.
Apesar da validade do alerta, o calor deve persistir ao longo desta semana, com termômetros ultrapassando os 30°C em várias capitais, caso de São Paulo -que registrou no domingo (28) recorde de temperatura para o mês de dezembro, com 36,9°C na medição convencional e 37,2°C na estação automática do Mirante de Santana (zona norte).
Nesta segunda (29), a capital paulista teve uma nova tarde de calor intenso, mas sem alcançar o recorde registrado na véspera. A estação convencional do Inmet marcou 33,4°C às 15h.
A estação convencional na zona norte paulistana utiliza o mesmo sistema, que requer a observação de um funcionário dos índices registrados, desde o início da série histórica das medições.
O Mirante de Santana também possui uma estação automática em operação desde 2006. Esse sistema registrou nesta segunda a temperatura de 34,3°C.
No Rio, a secretária estadual de Saúde, Claudia Mello, afirmou nesta segunda considerar a atual onda de calor como uma emergência de saúde pública. A declaração não tem um efeito prático, mas motivou a adoção de medidas especiais para atender à população neste período.
O governo estadual divulgou detalhes da ação iniciada neste domingo em pontos-chave da região metropolitana. A principal é a criação de pontos de hidratação em área de grande fluxo, como as praias, estações de trem e UPAs.
Mello afirmou ainda não haver registros de mortes em decorrência do calor extremo, mas disse que essa notificação pode se alterar ao longo do tempo. Segundo ela, uma estudo realizado pela secretaria apontou um pico de mortes na terceira semana de novembro de 2023.
O período coincide com o dia em que Ana Clara Benevides Machado morreu no show da cantora Taylor Swift, no Engenhão. O caso motivou o início da adoção de medidas especiais pelas autoridades estaduais e municipais em períodos de forte calor.
"Houve um excesso de morte nesse dia de mais de 1.400 pessoas. Desse excesso de morte, 64% [ocorreram] nos seus domicílios. A maioria mulheres e trabalhadores expostos ao sol. [...] Se as pessoas morreram em casa, ou não perceberam ou não tiveram acesso, não conseguiram chegar tempo no seu tratamento", disse ela.
O Corpo de Bombeiros também manifestou preocupação com os banhos de mar noturno que atravessam a madrugada, prática que tem se tornado comum no Rio de Janeiro. O coronel Charbio Guijarro afirmou que o trabalho dos guarda-vidas é dificultado pela falta de visibilidade do mar e disse que a Defesa Civil estadual "não incentiva essa prática".
Uma das medidas adotadas é o uso de drones com alarmes sonoros pedindo atenção aos banhistas durante a noite, desincentivando o mergulho nessas condições.
Meteorologistas destacam que a combinação de um bloqueio atmosférico e baixa nebulosidade dificulta a entrada de frentes frias e a ocorrência de alívios mais significativos, mantendo o ar quente preso na maioria da região Sudeste.
A população é orientada pelo instituto a adotar medidas de precaução, como ingerir bastante água, evitar esforços físicos nas horas mais quentes e procurar locais ventilados ou climatizados sempre que possível.
Na cidade de São Paulo, os últimos dias de 2025 ainda serão quentes, mas também marcados pela chuva, segundo a previsão do Inmet.
Nesta terça-feira (30), as mínimas caem um pouco, ficando em torno de 21°C. A máxima deve sofrer um declínio gradual, situando-se próxima dos 30°C.
Já na quarta-feira (31), véspera de Ano-Novo, a aproximação de uma frente fria pelo oceano intensifica a instabilidade em todo o leste paulista.
Enquanto isso, o Governo do Acre decretou situação de emergência em cinco municípios afetados por enchentes na reta final deste ano. A medida abrange a capital, Rio Branco, além das cidades de Feijó, Plácido de Castro, Santa Rosa do Purus e Tarauacá.
O volume expressivo de chuva nos últimos dias elevou os níveis dos rios Acre, Purus e Tarauacá, tirando de casa famílias às vésperas do Réveillon.
A Prefeitura de Rio Branco disse nesta segunda que a cheia do rio Acre já atingiu 43 bairros da capital desde sexta (26), afetando mais de 12 mil pessoas ?a população da cidade é estimada pelo IBGE em 389 mil habitantes.
Conforme a gestão Tião Bocalom (PL), a maioria das famílias foi acolhida em casas de parentes, enquanto 304 pessoas foram encaminhadas para abrigos municipais.
O decreto do governo do estado foi publicado em edição extra do Diário Oficial com a assinatura da governadora em exercício, Mailza Assis. A validade é de 180 dias.
Boletim diário da administração estadual indicou que o rio Acre registra, para meses de dezembro, uma cheia que não ocorria havia cerca de 50 anos.
Esse mesmo levantamento contabilizava 46 famílias (ou 186 pessoas) em quatro abrigos de Rio Branco. Os números do boletim só devem ser atualizados nesta terça (30).