A revelação de que o ministro Dias Toffoli viajou ao Peru para a final da Libertadores ao lado de um dos advogados do Banco Master gerou críticas sobre um possível conflito de interesses do magistrado.
Toffoli é o ministro responsável pelo caso do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no STF. Quatro dias após a viagem, ele decretou sigilo máximo sobre o processo, restringindo inclusive a visualização de movimentações processuais.
Na sequência, concentrou decisões sobre o andamento da investigação. Passou a ser responsável por autorizar pedidos de informação e quebras de sigilo, além de guardar em seu gabinete as provas apreendidas no caso.
No último dia 24, o ministro determinou uma acareação entre Ailton de Aquino, diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB (Banco de Brasília) e Daniel Vorcaro.
A ordem foi questionada por advogados, servidores do BC e pela Procuradoria-Geral da República, que pediu sua suspensão.
Abaixo, reveja outras polêmicas e crises de Dias Toffoli enquanto ministro do Supremo Tribunal Federal.
Em março de 2019, num contexto de mobilização bolsonarista contra o tribunal e seus membros, Toffoli decidiu abrir o chamado inquérito das fake news, uma investigação conduzida pela própria corte para apurar ataques e ameaças contra o Supremo
Para tanto, o juiz invocou o artigo 43 do regimento do STF, que prevê a possibilidade de abertura de inquérito quando um crime é cometido nas dependências do tribunal. Na prática, entretanto, a investigação, que ainda está em curso, tratou de ameaças e ataques em publicações na internet.
Para conduzir o inquérito, Toffoli designou o ministro Alexandre de Moraes, contrariando o princípio da distribuição por sorteio, que normalmente rege os procedimentos da corte.
Em 2019, quando ainda estava preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Lula perdeu o irmão Genival da Silva, o Vavá.
Toffoli autorizou que o hoje presidente se despedisse do irmão, mas o fez às 12h40, vinte minutos antes do início do velório, em São Bernardo do Campo (SP), e o presidente desistiu da visita.
Em 2022, durante a cerimônia de diplomação do presidente eleito, ele pediu perdão a Lula e disse se arrepender da decisão, segundo a coluna Monica Bergamo.
Em 2018, durante debate na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), o então presidente do STF afirmou que preferia chamar de "movimento" o golpe militar de 1964 no Brasil. "Hoje, não me refiro nem mais a golpe nem a revolução. Me refiro a movimento de 1964".
A fala motivou uma nota de repúdio do Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os estudantes de Direito da USP, e outra da AJD (Associação Juízes para a Democracia).
Desde 2023, Toffoli vem tomando decisões que anulam atos da Lava Jato. Foram beneficiados com esse tipo de decisão dois ex-presidentes de empreiteiras que firmaram delação: Léo Pinheiro, da antiga OAS (atual Metha), e Marcelo Odebrecht.
Em 2025, o juiz anulou todos os atos da Lava Jato contra o doleiro Alberto Yousseff e os ex-ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo.
Em junho de 2024, a Folha de S.Paulo revelou que o STF pagou R$ 39 mil a um segurança do ministro Dias Toffoli em diárias internacionais por viagem ao Reino Unido que incluiu a ida do magistrado à final da Champions League.
O segurança recebeu os valores para acompanhar Toffoli de 25 de maio a 3 de junho. A corte já havia desembolsado R$ 99,6 mil de recursos públicos para um segurança acompanhar Toffoli em eventos realizados em Londres, no Reino Unido, e Madri, na Espanha, semanas antes.