A crise envolvendo a subvenção da TUA (Transporte Urbano de Araçatuba) ganhou um novo e tenso capítulo nesta quinta-feira (18). A presidente da Câmara Municipal, vereadora Edna Flor, convocou uma reunião com os parlamentares para discutir o impasse que ameaça diretamente a continuidade do transporte público na cidade — um serviço essencial utilizado diariamente por milhares de trabalhadores, estudantes e idosos.
O encontro ocorreu em um ambiente de instabilidade e preocupação. Nos bastidores do Legislativo, a possibilidade de paralisação do sistema nos próximos dias já é considerada real, caso não haja um acordo político capaz de viabilizar a aprovação de um novo modelo de subvenção.
Durante a reunião, conduzida pela presidente da Casa, Edna Flor expôs os pontos do projeto do Executivo com os quais não concorda — posição compartilhada pela maioria dos vereadores que votaram contra a proposta. Um dos principais entraves foi a rejeição à concessão da subvenção por três anos, com reajustes automáticos atrelados ao IPCA. O grupo defende que o subsídio seja analisado e votado anualmente, garantindo maior controle, fiscalização e possibilidade de adequação à realidade financeira do município.
Outro encaminhamento considerado essencial pelos parlamentares é que o novo texto registre de forma expressa a gratuidade do transporte público aos domingos e feriados — benefício que já é praticado em Araçatuba desde o início da política de subvenção, mas que, segundo os vereadores, precisa constar formalmente no projeto para assegurar transparência e segurança jurídica.
Esses pontos compõem um entendimento comum construído durante a reunião e deverão ser formalizados em um pedido ao Executivo. A partir disso, caberá ao prefeito Lucas Zanatta decidir sobre o envio de um novo projeto e a eventual convocação de sessão extraordinária para que a matéria volte a ser discutida e votada no plenário.
Apesar das divergências, o foco do encontro não foi a contagem de votos, mas a busca por ajustes que evitem que a população fique desassistida. O vereador que atua como interlocutor do Executivo no Legislativo ouviu as ponderações dos pares e levantou quais seriam as exigências mínimas para que a proposta possa avançar sem penalizar os usuários do transporte coletivo.
Estiveram presentes na reunião os vereadores Rodrigo Atayde (PRTB), Fernando Fabris (PL), Sol do Autismo (PL), Hideto Honda (PSD), Carlinhos do Terceiro (Republicanos), Pichitelli (Republicanos), Batata (PSD), Edna Flor (Podemos) e João Moreira (PP), além dos assessores Boatto e Perdigão. O vereador Pugina (PL) não participou por estar em viagem.
Os vereadores Damião Brito (Rede), Ícaro Morales (Cidadania) e Arlindo Araujo (Solidariedade) não compareceram ao encontro nem enviaram representantes.
O impasse escancara uma crise política que extrapola o plenário e impacta diretamente a rotina da cidade. Enquanto Executivo e Legislativo tentam alinhar posições, quem depende do transporte público acompanha com apreensão os próximos passos.
Sem uma definição imediata, o relógio segue correndo. O risco de colapso no transporte urbano transforma o debate técnico em uma crise política de grandes proporções, com reflexos diretos sobre a população de Araçatuba.