O presidente Lula (PT) anunciou, nesta quarta-feira (17), que o ministro do Turismo, Celso Sabino, deve deixar o cargo. Sabino foi expulso do União Brasil no início de dezembro, após o partido decidir desembarcar do governo petista e o ministro ter optado por manter seu cargo mesmo assim.
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Gustavo Damião, filho do deputado federal Damião Feliciano (União Brasil-PB), deve assumir o cargo, segundo apurou a reportagem. Gustavo foi secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba.
A indicação partiu do grupo mais governista da bancada do partido, que reúne cerca de 20 a 22 entre 59 deputados, e é composto pelo ex-ministro Juscelino Filho (MA), pelo líder da bancada, Pedro Lucas Fernandes (MA), e pelo próprio Damião. Também houve aval do presidente da legenda, Antonio Rueda.
Aliados de Rueda dizem que ele não participou da escolha, mas deu aval ao movimento com o objetivo de derrubar Sabino, de quem virou desafeto. O ministro teria comentado sobre operações policiais nas quais ele é investigado, o que precipitou o processo de expulsão da sigla.
Apesar de não significar uma recomposição de Rueda com Lula, integrantes da cúpula do União Brasil afirmam que pode ser o início de um armistício e de uma aproximação maior.
O partido pretendia apoiar a candidatura presidencial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) junto com o PP, mas a possibilidade esfriou com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se lançando ao Planalto. Agora, o cenário para a federação está em aberto, e parte de seus líderes passaram a defender a neutralidade.
O desembarque do União Brasil do governo petista foi decidido em setembro deste ano e mirou principalmente Sabino, já que preservou os indicados do partido que não têm mandato, como dirigentes de estatais.
No final de novembro, o Conselho de Ética do União Brasil decidiu recomendar a expulsão do ministro e dissolver o diretório do Pará, do qual Sabino era presidente, além de nomear uma comissão provisória no lugar. A expulsão foi definida em reunião da executiva nacional no último dia 8.
Após a decisão do partido, Sabino foi às redes sociais comentar a saída e disse que sua expulsão foi decidida pelo fato de ele se manter no governo e por "ajudar o Pará". Ele agradeceu a amigos feitos na sigla e usou o vídeo para reforçar sua pré-candidatura ao Senado em 2026.
A tensão entre Sabino e o partido começou após reportagem do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) e Uol revelar acusações feitas por um piloto de que o presidente do partido, Antonio Rueda, seria dono de aviões operados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Rueda nega.
Integrantes do partido viram influência do Palácio do Planalto na reportagem, uma vez que um de seus autores tinha também um programa na TV Brasil. A partir daí, o União Brasil orientou que seus filiados que tivessem cargos no governo Lula deixassem as posições.
Celso Sabino, no entanto, articulou sua permanência na gestão, principalmente pela expectativa de sua participação na execução da COP30 (Conferência Climática da ONU), que estava prestes a ocorrer no Pará, seu estado. Ele é deputado federal licenciado e o evento era um de seus principais palanques.
Apesar da negociação, o partido determinou que Sabino deveria abandonar o cargo ou seria expulso da sigla.