A Prefeitura de Campinas publica nesta sexta-feira, 5 de dezembro, o aguardado edital de licitação que vai definir o novo serviço de transporte coletivo convencional da cidade. O documento, disponível no Diário Oficial, prevê um contrato de 15 anos, estimado em R$ 11 bilhões, marcando, assim se espera, o início de uma reformulação completa no modelo atual.
Segundo o prefeito Dário Saadi, a abertura do edital representa um avanço esperado há anos pela administração municipal. “Esse é mais um importante passo que estamos dando para a construção de um novo sistema de transporte coletivo em nossa cidade”, afirmou.
Uma das principais novidades é a contratação da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, para conduzir a abertura dos envelopes das empresas interessadas. As propostas serão apresentadas por corretoras credenciadas, em três envelopes: garantias, proposta de valores e documentação de habilitação. O primeiro envelope será aberto em 10 de fevereiro de 2026.
O presidente da Emdec, Vinicius Riverete, destacou o impacto dessa parceria. “A participação da B3 dá ao processo um padrão de governança, ética, segurança e transparência”, disse.
A sessão pública com a abertura do segundo envelope, contendo os valores, está marcada para 23 de fevereiro, às 11h, na sede da B3, com transmissão ao vivo pelo site TV B3. Após a definição da melhor oferta, a habilitação será conferida com a análise do terceiro envelope.
A construção do edital contou com 11 audiências públicas e participação de conselhos municipais, entidades da sociedade civil e usuários. A concessão divide Campinas em dois grandes lotes — Norte e Sul — integrando bairros, corredores e terminais.
Entre as exigências, está a renovação e modernização da frota, com pelo menos 60 ônibus elétricos nos primeiros anos, além de veículos Euro 6 e possibilidade de uso de biometano e hidrogênio. Toda a frota seguirá sendo 100% acessível.
O edital também inclui a operação do BRT em um novo formato tronco-alimentado, ampliando conexões e a eficiência entre regiões da cidade. O PAI-Serviço, voltado ao transporte de pessoas com deficiência, será modernizado e incorporado à concessão.
Outro ponto estruturante é o novo Sistema de Arrecadação e Remuneração, operado por uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) com governança compartilhada entre o Poder Público e as novas operadoras. A Emdec terá golden share, garantindo supervisão e transparência financeira.
O modelo separa tarifa pública (paga pelo usuário) e tarifa de remuneração (paga às empresas), permitindo subsídios ou gratuidades quando previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Os investimentos totais estimados chegam a R$ 1,7 bilhão para renovação da frota e R$ 1,9 bilhão em tecnologias embarcadas, terminais e estações.