Um ano após a queda do voo 2283 da Voepass Linhas Aéreas em Vinhedo, a tragédia que tirou a vida de 62 pessoas segue sem um desfecho oficial. O acidente, ocorrido em 9 de agosto de 2024, foi o mais grave da aviação civil brasileira desde 2007. O avião ATR 72-500, que partiu de Cascavel (PR) rumo a Guarulhos (SP), caiu repentinamente e com grande velocidade, atingindo a área externa de uma residência no bairro Capela. Apesar da violência do impacto, a família que estava na casa escapou ilesa.
No dia do acidente, o jovem Felipe Magalhães Filho, então com 17 anos, contou à reportagem do Portal Sampi Campinas como tentou ajudar naquela tragédia. “Eu sabia que morava um casalzinho de senhor. Eu sempre via eles varrendo a calçada. Na hora que eu vi que caiu ali no quintal deles, eu pulei o muro. Muito assustado. Muito nervoso. Eu pulei o muro para tirar o casalzinho de dentro de casa. Na hora que eu entrei dentro da casa, eu vi no quintal o avião, que ele raspou no telhado e caiu no quintal”, disse.
Portal Sampi Campinas
De acordo com a Força Aérea Brasileira, a aeronave operava normalmente até às 13h20, quando a comunicação com a torre de controle foi interrompida. Um minuto depois, o contato por radar também foi perdido. O avião caiu de uma altura aproximada de quatro mil metros, a cerca de 440 km/h. Não houve sobreviventes.
O trader Luiz Caprio Junior mora em um condomínio na região e deu seu relato no dia do acidente de como a situação era assustadora. “Eu presenciei que tinha um barulho muito próximo, e um barulho de motor diferente. Isso me fez sair a varanda. Quando eu vi o avião, ele não conseguiu se sustentar. Parou e começou a rodopiar. Na hora a gente fica até perplexo. Você pensa que é mentira. Você fica chocado”, afirmou.
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A investigação técnica foi aberta no mesmo dia pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Em setembro de 2024, um relatório preliminar revelou que os pilotos comentaram, durante o voo, falhas no sistema que impede o congelamento das asas, apontando que o equipamento foi ativado e desativado diversas vezes. Essas informações constam na gravação da cabine, mas a causa oficial do acidente ainda depende do laudo final, que continua sob análise da FAB.
O caso também provocou desdobramentos na aviação civil. A Voepass — nome atual da antiga Passaredo — teve seu Certificado de Operador Aéreo cassado pela Anac, que apontou falhas graves de segurança operacional. A decisão, unânime, foi tomada em junho deste ano e impede a empresa de operar voos regulares por dois anos. A punição incluiu ainda multa de R$ 570,4 mil, e não cabe mais recurso.
O acidente mobilizou autoridades aeronáuticas e acendeu alertas sobre a manutenção e operação de aeronaves regionais no país. Até o momento, não há prazo para a divulgação do relatório definitivo. Familiares das vítimas seguem aguardando respostas sobre as circunstâncias que levaram à queda.