A Fuvest, vestibular da USP (Universidade de São Paulo), vai passar a cobrar conteúdos filosofia, sociologia, educação física e artes a partir da prova que será aplicada em 2025 -a Fuvest 2026. Esses conteúdos já são previstos no currículo escolar do ensino médio, mas, até então, não eram formalmente exigidos na Fuvest.
Gustavo Mônaco, diretor executivo da Fuvest, disse que o formato da prova continua o mesmo na primeira e segunda fases. Ou seja, o vestibular continua com 90 questões de múltipla escolha na primeira etapa e prova dissertativa na segunda.
As mudanças para o ano que vem serão no conteúdo programático do vestibular e na forma como as questões são elaboradas. Ou seja, as perguntas devem passar a ser mais interdisciplinares e integrar disciplinas de uma mesma área, a exemplo do que ocorre no Enem.
A mudança na prova será detalhada na próxima quarta-feira (18).
"Nós decidimos atualizar o conteúdo da prova, já que há muitos anos não fazíamos isso. Mas nenhuma mudança no nosso vestibular é radical, sempre vamos avisar com antecedência para as escolas terem tempo de planejar como vão desenvolver o conteúdo com os alunos", disse Mônaco.
A reformulação na Fuvest está alinhada ao que define a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), documento que orienta o que deve ser ensinado em todas as escolas do país.
Na base, os conteúdos escolares são divididos em quatro áreas de conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. No ensino médio, o documento já inclui como obrigatório que os alunos aprendam conteúdos de filosofia, sociologia, educação física e artes.
"Não se trata de mudanças radicais nem de fazer uma prova com a cara do Enem, mas de atualizar o que é cobrado e já é previsto pela BNCC", explicou Mônaco.
As mudanças foram aprovadas na semana passada no Conselho de Graduação da USP, depois de terem sido discutidas em grupos de trabalhos com professores de diversas unidades.
Um dos mais tradicionais vestibulares do país, a Fuvest também é conhecida por ter uma das provas com formato mais conservador, ou seja, com questões mais conteudistas e menos contextualizadas.
Há mais de 20 anos, o programa da prova não passava por mudanças estruturais.
Como a Folha de S.Paulo revelou, a Fuvest 2026 também terá, pela primeira vez, uma lista de leitura obrigatória só com obras escritas por mulheres.
A partir da prova que será aplicada no ano que vem, os candidatos terão que ler obras das seguintes autoras: Conceição Evaristo, Djaimilia Pereira de Almeida, Julia Lopes de Almeida, Lygia Fagundes Telles, Narcisa Amália, Nísia Floresta, Paulina Chiziane, Rachel de Queiroz e Sophia de Mello Breyner Andresen.
Durante três anos, ou seja, nas edições 2026, 2027 e 2028, a lista terá apenas autoras. Até Machado de Assis, um clássico das leituras obrigatórias nos vestibulares, ficará de fora.
Com a mudança a Fuvest se coloca na vanguarda. Um levantamento inédito publicado pela Folha em novembro de 2023 mostrou que o vestibular da USP era a prova que, historicamente, menos exigiu obras escritas por mulheres, comparada a outras universidades bem colocadas no RUF (Ranking Universitário Folha). Nenhuma das universidades analisadas pelo jornal jamais teve uma lista de livros totalmente feminina.
Veja abaixo as listas completas das leituras obrigatórias para entrar na USP nos próximos anos.