A morte do artesão e garçom José Augusto Mota da Silva, de 32 anos, enquanto aguardava atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, gerou comoção e abriu uma série de investigações. A imagem de José Augusto, morto em uma cadeira da unidade, viralizou nas redes sociais, destacando possíveis falhas no atendimento.
A Polícia Civil está apurando as circunstâncias da morte. A Comissão de Saúde da Câmara Municipal do Rio também acompanha o caso, enquanto o Conselho Regional de Medicina abriu uma sindicância com prazo de até 90 dias para avaliar responsabilidades.
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Funcionários serão demitidos de UPA após morte de paciente
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, anunciou a demissão de toda a equipe plantonista da UPA, afirmando que os protocolos internacionais de triagem de risco não foram seguidos. Ele garantiu que os profissionais responderão a sindicâncias e serão denunciados aos conselhos de classe.
Segundo os profissionais de saúde da unidade, José Augusto sofreu morte súbita, algo que, segundo eles, seria imprevisível. Contudo, a autópsia realizada pelo Instituto Médico-Legal (IML) ainda é inconclusiva, e amostras foram coletadas para análise detalhada.
José Augusto, que morava sozinho no Rio desde 2012, falou com a família pela última vez na quarta-feira anterior ao óbito. Ele reclamava de dores intensas no estômago e informou que havia agendado uma consulta em uma Clínica da Família.
O porteiro Douglas Batista da Silva levou José Augusto à UPA por volta das 19h30 e, ao retornar, encontrou um documento indicando que ele morreu às 21h. Douglas afirmou ter alertado os funcionários sobre a gravidade do caso, mas o atendimento não teria sido imediato.
A família de José Augusto, que vive em Mogi Guaçu (SP), foi informada da morte por um amigo do artesão, que encontrou os contatos pela internet. Inicialmente, acreditaram que fosse um trote, mas confirmaram o ocorrido após as imagens circularem nas redes sociais.
O artesão trabalhava vendendo peças na praia durante o dia e como garçom à noite, em um restaurante na Barra da Tijuca. Recentemente, enfrentava dificuldades financeiras e chegou a morar nas ruas de Copacabana antes de se mudar para Rio das Pedras, após o término de um relacionamento.
Douglas Batista descreveu a situação como “absurda” e relatou que José Augusto estava em estado grave, reclamando de dores e vomitando.
— Ele parecia estar muito mal. Avisei na recepção que era uma emergência, mas voltei para casa para cuidar do meu filho. Pouco depois, vi as imagens nas redes sociais e retornei à UPA, onde reconheci o corpo e avisei à família — contou o amigo.
A família considera acionar judicialmente a Prefeitura do Rio. O caso continua sendo investigado pelas autoridades competentes.
*Com informações do Jornal Extra
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