Rebeldes anunciaram a deposição do governo de Bashar al-Assad na Síria após avançar à capital do país, Damasco. O anúncio foi feito neste domingo (8) por meio de um canal de TV Rebeldes contra ditadura de 24 anos se aproximam da capital síria
Rebeldes contrários ao regime do presidente sírio anunciaram sua deposição após 24 anos no poder. De acordo com a agência de notícias Reuters, Assad embarcou em um avião e deixou a cidade quando a ofensiva rebelde ainda estava se aproximando da capital. A informação foi baseada no relato de dois altos oficiais do exército sírio.
Destino de Assad é desconhecido, ainda segundo a Reuters. Até o momento, o governo sírio não se manifestou sobre o presidente ter deixado o país.
No sábado (7), a presidência negou que Assad teria abandonado Damasco. Autoridades iranianas - que apoiam o presidente sírio - também reforçaram que o aliado e os familiares não fugiram da capital ou do país. Assad "está dando continuidade ao seu trabalho e deveres nacionais e constitucionais na capital", acrescentou a presidência no sábado.
Apesar das falas, o paradeiro exato do presidente sírio é desconhecido. Segundo relatos, ele não é visto há dias no país, informou a Al Jazeera.
Ainda no sábado, o ministro do Interior sírio afirmou que forças de segurança haviam estabelecerido um cordão "muito forte" ao redor de Damasco. O anúncio foi feito por Mohamed al Rahmun na televisão estatal depois que as milícias rebeldes anunciaram que avançavam em direção à capital.
Por volta das 23h de sábado (horário de Brasília; já domingo na Síria), a administração de Assuntos Militares, que fala pelos rebeldes, emitiu um breve comunicado afirmando que as "forças começaram a entrar na capital", sem sinal de mobilização do exército.
Esta foi a primeira vez que forças de oposição chegam a Damasco desde 2018, informou a Associated Press. Na ocasião, o exército sírio conseguiu recapturar áreas no entorno da capital após anos de cerco.
Rebeldes ainda divulgaram que invadiram a prisão militar de Saydnaya, ao norte da capital. Eles disseram que libertaram os presos do local. "Demos a notícia ao povo sírio de que libertamos nossos prisioneiros e os soltamos, e anunciamos o fim da era de injustiça na prisão de Saydnaya", disseram em comunicado. O local tinha milhares de pessoas detidas pelo governo sírio.
Moradores relataram sons de tiros e explosões. A CNN Internacional divulgou um vídeo que mostra pessoas correndo no aeroporto de Damasco, tentando passar por pontos de segurança e correndo aos portões de embarque, possivelmente tentando deixar o país.
Rebeldes sírios anunciaram na manhã de domingo (8; noite de sábado no Brasil) que obtiveram o controle total sobre Homs, a terceira maior cidade do país e localizada ao norte de Damasco. Homs é lar de uma minoria alauita, grupo étnico-religioso do qual o presidente sírio Bashar al-Assad faz parte, e fica próxima à fronteira com o Líbano e o Iraque.
A cidade está estrategicamente situada na principal rota que conecta o centro da Síria à capital Damasco, e dá acesso a uma base naval e aérea russa - o governo de Vladimir Putin é um dos aliados importantes do governo sírio.
Rebeldes entraram na cidade e tomaram alguns bairros. A ação teria ocorrido depois que as forças de segurança deixaram a cidade às pressas após queimar documentos, informou a Reuters. Rami Abdel Rahman, que lidera o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, também afirmou que as tropas sírias e membros de diferentes agências de segurança saíram da cidade.
Prisioneiros também foram soltos da prisão central da cidade. Um comandante da aliança rebelde, Hassan Abdel Ghani, falou que mais de 3.500 prisioneiros foram libertos - não foi possível checar a veracidade deste número.
Um porta-voz de operações militares dos rebeldes sírios disse que depois de Homs, eles seguiriam para Damasco. "Haverá uma nova Síria baseada na justiça. Não estamos enfrentando um exército de verdade, mas sim uma milícia", disse à Al Jazeera.
Ofensiva na Síria foi lançada pelos insurgentes em 27 de novembro. Eles já assumiram rapidamente o controle de Aleppo, a segunda maior cidade do país, localizada no noroeste, e de Hama, no centro.