26 de dezembro de 2024
TRAGÉDIA

‘Quero justiça', diz mãe de Karina, a jovem autista morta no Vale

Por Xandu Alves | Taubaté
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução / Redes Sociais
Dora Silva e a filha Márcia, morta de forma violenta em Taubaté

Entre lágrimas e desespero, Dora Silva cobra justiça para quem violentou e tirou a vida da filha dela, a jovem Márcia Karina, 25 anos, encontrada morta em um terreno baldio de Taubaté na manhã de quinta-feira (28), com parte do corpo carbonizado.

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“Eu quero justiça, porque isso não se faz com uma criança”, disse ela a OVALE, emocionada ao falar da filha.

Dora morava sozinha com Márcia, que tinha transtorno do espectro autista, bipolar e tomava remédios diários para a saúde mental. Segundo a mãe, todo mundo no bairro gostava da jovem, que era alegre, brincalhona e muito feliz.

“Uma menina muito alegre, feliz, que se dava com todo mundo aqui no bairro. Eu saía com ela pelo bairro. Era muito feliz. Minha companheira. Morava só eu e ela”, contou a mãe, que agora enfrenta o luto após a tragédia que tirou a vida da filha.

Crime.

Desaparecida havia três dias, Márcia foi identificada após ser encontrada com o corpo carbonizado em um terreno baldio no Parque Aeroporto, na avenida Timbó.

Márcia estava com um pedaço de pano dentro da boca, o que levanta a suspeita de que ela possa ter sido abusada sexualmente antes de ser morta. A Polícia Civil investiga o caso.

“O delegado disse que ela já estava morta na terça-feira de manhã. Não sei quem foi e ela nunca foi para o Parque Aeroporto. Ela não saía sem me dizer aonde ia”, disse Dora, que tem outro filho e netos. Ele e a mulher reconheceram o corpo de Márcia.

Como foi o caso.

Dora contou que saiu sábado de casa para levar Márcia ao pronto-socorro. Ela reclamava de dores. Elas saíram da unidade por volta de 23h, quando a filha disse que iria para um bar que frequentava com amigos.

“Ela disse que não iria beber, porque tinha tomado os remédios. E disse que voltava ‘daqui a pouco’. Foi a última vez que a vi com vida”, disse a mãe.

“Como ela tinha o costume de fazer isso, não vi problema. Ela queria refrescar a cabeça, me deu um beijo e levou uma boneca com ela. Ela andava com boneca porque o sonho dela era ter filho. Ela foi e não voltou mais”, completou.

Dora registrou um boletim de ocorrência no domingo e divulgou o desaparecimento da filha nas redes sociais. Ela disse que recebeu uma ligação dizendo que a filha estava no Parque Aeroporto e que iriam trazê-la de volta para casa.

“Era tudo mentira. Foi quando soube que tinham encontrado o corpo dela. Ela foi estuprada, puseram fogo nela e ficou totalmente deformada. Meu filho que reconheceu o corpo. Não deixaram eu ver porque estava muito transtornada”, afirmou a mãe.

Saudade.

O corpo de Márcia foi enterrado sem velório, em caixão fechado, na manhã desta sexta-feira (29). Apenas familiares e amigos próximos participaram da cerimônia.

Emocionada, Dora disse que agora vai ter que encontrar uma maneira de conduzir a vida sem a presença da filha. “Nós a enterramos e estou em casa com o coração partido. Eu quero justiça, porque isso não se faz com uma criança. O bairro inteiro está revoltado. Ninguém se conforma”, disse.

“Estou tentando esconder as coisas dela para não ver mais. Vou deixar as fotos dela de recordação, era uma ótima filha. Quero justiça e vai ter justiça, e ela vai descansar em paz, e aí vou ter sossego.”