O empresário Antônio Gritzbach, 38, jurado de morte pela facção paulista PCC (Primeiro Comando da Capital), foi morto a tiros na tarde de sexta-feira (8) momentos após deixar a área de desembarque do terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
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O ataque também deixou três feridos, e dois deles foram internados. Ainda não há informações sobre os atiradores, mas investigadores envolvidos no caso indicam que são pessoas treinadas para esse tipo de situação.
Embora tivesse uma escolta formada por policiais também com treinamento para ações letais, Gritzbach estava acompanhado apenas por dois, já que um dos veículos ficou parado em um posto de gasolina após um problema mecânico.
Veja o que se sabe sobre o ataque que matou o empresário e deixou três feridos no aeroporto.
Após sair do desembarque do terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo e caminhar para a área externa, onde passageiros costumam esperar carros de aplicativo e táxi, Gritzbach foi atingido por tiros disparados por dois homens que saíram de um Gol preto.
Segundo imagens de câmeras de segurança, o carro havia estacionado no local segundos antes de ele passar por ali, após atravessar a primeira faixa de veículos na área do desembarque. No tiroteio, outras três pessoas ficaram feridas. A ação ocorreu às 16h03 de sexta-feira.
Após atirarem, os homens voltaram para o carro, que deixou o local e foi abandonado a cerca de 6 km dali, na rua Guilherme Lino dos Santos. Dentro do veículo havia munições de fuzil e colete balístico, segundo a Polícia Militar.
Corretor de imóveis, Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era jurado de morte pelo PCC, facção com a qual ele teria ligações e um histórico de problemas. Em 2021, ele foi acusado de ser o mandante do homicídio de dois homens ligados ao PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, que haviam passado US$ 100 milhões a Gritzbach para que ele, com um comparsa, investisse o valor em criptomoedas. O dinheiro sumiu, e a dupla do PCC, morta.
Em 2023, Gritzbach entrou foi denunciado sob a acusação de lavagem de dinheiro e financiamento de organização criminosa. Ele teria usado dinheiro do PCC para comprar imóveis no condomínio Riviera de São Lourenço, em Bertioga, no litoral paulista. A investigação da Promotoria diz que o dinheiro usado na compra dos imóveis era de Cláudio Marcos de Almeida, o Django, apontado como integrante da facção.
Em março deste ano, Gritzbach assinou um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público e entregou supostos esquemas do PCC. Contratos, comprovantes de pagamento e registros de tela de conversas no WhatsApp entregues pelo empresário indicam uma suposta participação dos criminosos na contratação de jogadores da elite do futebol brasileiro e mundial.
A principal suspeita dos promotores é de lavagem de dinheiro do tráfico na aquisição dos atletas, por meio de empresas agenciadoras de jogadores de futebol.
Gritzbach era jurado de morte pelo pela facção criminosa. Ele era suspeito de ter mandado matar dois integrantes do PCC, e também fechou um acordo de delação premiada com a Justiça.
Segundo o Ministério Público, os agentes foram contratados pelo empresário para fazer sua escolta particular e não estavam a trabalho da PM no local. Ele também teria recusado oferta da Promotoria para receber segurança.
Os policiais militares responsáveis pela segurança dele foram identificados e tiveram seus celulares apreendidos pela Polícia Civil, assim como dois que estavam em nome do motorista e um do filho dele. Os agentes foram afastados preventivamente.
Dos quatro policiais que deveriam estar acompanhando Gritzbach, apenas um deles estava próximo na hora do ataque, outro mais distante, e nenhum deles reagiu.
Dois policiais desses policiais de escolta não estavam no local do crime porque, segundo eles, o carro utilizado pela equipe quebrou e, por isso, não conseguiram se aproximar. Os PMs foram ouvidos pelas equipes do DHPP para explicar o ocorrido, e todos tiveram os celulares apreendidos. A falha é apontada como atípica e suspeita por investigadores.
Investigadores do DHPP (divisão de homicídios da Polícia Civil) se surpreenderam com o local escolhido para o ataque, ponto de concentração de forças de segurança, como policiais civis, federais, militares e guardas municipais, além de monitoramento por diversas câmeras, nos trechos de acesso e no terminal.
As equipes de investigação também afirmam ter segurança de que os atiradores são pessoas com "treinamento operacional", acostumadas a realizar disparos com fuzil 7.62, uma arma geralmente utilizada por atiradores de elite e equipes de assalto especializadas.
Dois homens feridos no ataque seguiam internados até a tarde deste sábado. As vítimas têm 39 e 41 anos e permanecem no Hospital Geral de Guarulhos. Um deles foi levado para a UTI, de acordo com o boletim de ocorrência, enquanto o outro está sob observação. Não há mais detalhes sobre o estado de saúde deles.
A terceira pessoa ferida, uma mulher de 28 anos, foi liberada após atendimento médico. Os três afirmaram não conhecer Gritzbach.