Profissionais de saúde mental já observam aumento nos atendimentos a pessoas viciadas em apostas online no Brasil. O crescimento, inclusive entre as internações, está relacionado à popularização das plataformas de jogos e apostas, principalmente a partir de 2018, quando este mercado foi regulamentado.
Leia também: Veja lista com mais de 2 mil bets irregulares que sairão do ar
Leia também: Beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bi em bets em um mês
Atraídos pela facilidade de acesso e campanhas publicitárias, muitos desenvolvem dependência patológica, conhecida como ludopatia.
Graças a isso, autoridades e profissionais de saúde mental têm alertado para a necessidade de regulamentações mais rígidas e campanhas de conscientização para combater o que já é um problema de saúde pública.
Nesta semana mesmo, a mídia noticiou o caso da funcionária de uma escola no Tocantins, que foi presa porque chegou a roubar dados pessoais de pais de alunos para abrir contas em bancos digitais e pedir empréstimos para apostar em bets.
Leia também: Servidora rouba dados de pais de alunos para apostar em bets
Ela chegou a ir à casa das vítimas para tirar as fotos dos documentos com o celular da escola, para "dar veracidade" ao golpe. O prejuízo das vítimas foi de mais de R$ 100 mil.
A "jogatina online" atrai vários perfis, mas um deles é ainda mais suscetível ao apelo.
"Existe um público mais vulnerável, é o homem, adulto jovem. E por ser considerado um transtorno do impulso, a gente entende até por dados da neurociência, de neuroimagem, dados de neuroquímica, de pessoas que têm uma tendência maior a desenvolver um vício, têm uma tendência a desenvolver outros. Porque o mecanismo é o mesmo, a área cerebral é a mesma, os neurotransmissores envolvidos no vício e na dependência são os mesmos", explicou o médico psiquiatra Rodrigo Gasparini, responsável técnico do CVV (Centro de Valorização da Vida) Francisca Julia, em São José dos Campos (SP), que também trata o vício em bets.
Esse tipo de dependência é tratado de forma similar a outros transtornos de adição, com abordagens que envolvem psicoterapia, apoio familiar e, em alguns casos, medicamentos para controlar a ansiedade e o impulso por apostar.
Segundo o psiquiatra, sim. "É um tratamento multidisciplinar, que pode ser feito via ambulatorial ou, em casos extremos, internação hospitalar, mas sempre lembrando que é multidisciplinar", disse o médico.
"É possível a remissão dos sintomas e cura, o que é necessário é, primeiro, reconhecer que você está passando por um processo de dependência, procurar ajuda, seja com um psicólogo, psiquiatra, ou eventualmente numa unidade básica de saúde ou médicos particulares e iniciar um processo terapêutico, um tratamento", acrescentou.
Se você identificou algum dos sinais listados acima e percebe que as apostas têm afetado negativamente sua vida, é fundamental buscar ajuda.