O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião de emergência neste domingo (8) no Palácio do Planalto para discutir a intensificação da crise diplomática com a Venezuela.
O governo brasileiro admitiu que a situação é de “tensão”, após a recente escalada de conflitos envolvendo o regime de Nicolás Maduro.
A crise ganhou novos contornos após o rompimento unilateral de um acordo com o Brasil, que visava a preservação da embaixada argentina em Caracas. Este cerco, que começou na última sexta-feira (6), gerou uma resposta imediata do governo brasileiro, que havia assumido a gestão temporária da embaixada, que abriga seis opositores venezuelanos.
O rompimento do acordo e o cerco à embaixada foram classificados como um "choque" pelas autoridades brasileiras, que temem uma escalada violenta. A situação é ainda mais complicada pela recente fuga do líder oposicionista Edmundo González para a Espanha.
A fuga ocorreu após um tribunal venezuelano ter ordenado sua prisão com base em acusações que González nega. A chegada de González em Madrid e seu pedido de asilo político são vistos pelo governo brasileiro como um obstáculo adicional ao diálogo que o Brasil tentava promover entre a oposição e o regime de Maduro.
A ausência de importantes interlocutores da política externa brasileira também está contribuindo para a dificuldade em lidar com a crise. Celso Amorim, assessor especial, está em Moscou, e o chanceler Mauro Vieira encontra-se em viagem ao Oriente Médio. Apesar disso, ambos mantêm contato contínuo com Brasília.
Diplomatas latino-americanos revelaram que o rompimento dos acordos por parte de Maduro foi interpretado como uma “traição” ao esforço de mediação liderado pelo governo Lula.