08 de setembro de 2024
DENÚNCIAS

Organização denuncia ministro Silvio Almeida por assédio sexual

Por Melissa Toledo | da Redação Sampi
| Tempo de leitura: 3 min
Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, está no centro de uma polêmica envolvendo denúncias de assédio sexual. A organização Me Too Brasil confirmou nesta quinta-feira (5) ter recebido diversas acusações contra o ministro, com alegações feitas por várias mulheres, entre elas a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

A organização, que oferece suporte psicológico e jurídico às vítimas, destacou em nota que essas denúncias enfrentaram dificuldades para obter validação devido à posição de poder dos acusados.

“Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional para a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”, diz o documento.

O caso ganhou atenção após a imprensa repercutir que Almeida foi acusado de assédio sexual ainda em 2023, sendo uma das vítimas a ministra Anielle Franco. O portal Metrópoles publicou que o governo, bem como diversos ministros e assessores, já teriam conhecimento dessas acusações. A CNN apurou que ela relatou, para integrantes do governo, ter sido alvo de assédio e que pelo menos quatro casos de assédio sexual foram levados ao Me Too. A Folha de S. Paulo acrescentou que Aniele relutou em tornar o caso público para não prejudicar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Em resposta às denúncias, o Instituto Luiz Gama, fundado e presidido por Almeida, alegou que as acusações são parte de um movimento orquestrado para desestabilizar o ministro, apontando possíveis motivações racistas e políticas por trás das acusações. A nota destaca a importância de expor qualquer tentativa de manipulação ou perseguição política.

Enquanto isso, o Me Too Brasil reforçou a necessidade de se quebrar o ciclo de impunidade que frequentemente protege figuras poderosas. A organização enfatizou que a denúncia pública busca justiça para as vítimas, e também encoraja outras a romperem o silêncio e buscarem apoio.

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Confira a nota do Me Too na íntegra:

A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico.

Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional pra a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa.

Vítimas de violência sexual, especialmente quando os agressores são figuras poderosas ou influentes, frequentemente enfrentam obstáculos para obter apoio e ter suas vozes ouvidas. Devido a isso, o Me Too Brasil desempenha um papel crucial ao oferecer suporte incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva enfrentar grandes forças e influências associadas ao poder do acusado.

A denúncia é o primeiro passo para responsabilizar judicialmente um agressor, demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição social, econômica ou política. Denunciar um agressor em posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os protege. A denúncia pública expõe comportamentos abusivos que, por vezes, são acobertados por instituições ou redes de influência.

Além disso, a exposição de um suposto agressor poderoso pode encorajar outras vítimas a romperem o silêncio. Em muitos casos, o abuso não ocorre isoladamente, e a denúncia pode abrir caminho para que outras pessoas também busquem justiça.

Para o Me Too Brasil, todas as vítimas são tratadas com o mesmo respeito, neutralidade e imparcialidade, com uma abordagem baseada nos traumas das vítimas. Da mesma forma, tratamos os agressores, independentemente de sua posição, seja um trabalhador ou um ministro.