23 de dezembro de 2024
FAZENDO HISTÓRIA

Em dia sem ouro, Brasil atinge marca de 400 medalhas paralímpicas

Por André Fontenelle e Sandro Macedo | da Folhapress
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução/Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB
Na natação, o Brasil continua a colecionar pódios.

Acostumado ao status de potência paralímpica, o Brasil viveu um raro dia sem medalhas de ouro nos Jogos de Paris neste domingo (1º). Com isso, China e Grã-Bretanha se distanciaram no topo do quadro de medalhas.

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Um consolo para os brasileiros foi a marca histórica de 400 pódios na história dos Jogos Paralímpicos, atingida com a medalha de bronze do paulista André Rocha no lançamento de disco, classe F52 (competidores sentados), no Stade de France.

O bronze, porém, não era a medalha esperada por Rocha, que chegou à final na condição de recordista mundial (23,80 m). Neste domingo, ele conseguiu 19,48 m. O italiano Rigivan Ganeshamoorthy, originário do Sri Lanka, surpreendeu ao superar o recorde do brasileiro em quatro de seus seis lançamentos. O melhor deles, 27,06 m, representou um ganho de mais de três metros em relação à marca anterior.

Na natação, o Brasil continua a colecionar pódios.

Na prova que encerrou o programa do dia, o Brasil conquistou mais um bronze no 4 x 100 m livre misto, com Arthur Xavier Ribeiro, Gabriel Bandeira, Beatriz Carneiro e Ana Karolina Soares. A disputa foi vencida pelo quarteto britânico, com a Austrália em segundo lugar.

Curiosamente, Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, nome mais conhecido da natação paralímpica na atualidade, quebrou um recorde mundial, mas ficou sem medalha.

Mais aplaudido na final dos 150 m medley, categoria SM3, o brasileiro era o único finalista com a classificação SM2, deficiência física mais severa que os rivais ("SM" é a sigla em ingês de "natação medley", que une os estilos costas, peito e livre). A mistura de classes é comum no paradesporto.

Gabrielzinho obteve honroso quarto lugar, com o tempo de 3min14s02, novo recorde mundial da SM2. Porém o vencedor foi o alemão Alexander Topf (SM3), com 3min00s16.

"Na verdade, eu que era o invasor", disse Gabrielzinho, sempre sorridente, depois da prova. "Eu vim para incomodar e deixar o pessoal nervoso. A energia [da torcida] ajudou bastante, dá uma confiança extra para a prova dos 200 m livre [nesta segunda, 2]."

Ainda na natação, a carioca Lídia Vieira da Cruz ganhou o bronze nos 150 m medley SM4, com o tempo de 2min57s16, novo recorde pan-americano.

O tiro esportivo rendeu pela primeira vez uma medalha paralímpica ao país. Alexandre Galgani, 41, levou a prata na prova de carabina de ar individual, distância 10 m, modalidade SH2 (atletas que precisam de suporte para arma), posição deitada mista.

Paulista de Americana, ele sofreu uma lesão na coluna aos 18 anos, ao mergulhar em uma piscina. Disputou o ouro palmo a palmo com o francês Tanguy de La Forest, que alcançou um total de 255,4 pontos, contra 254,2 do brasileiro.

"São 11 anos me dedicando todo dia. Ainda não atingi minha meta, que é o ouro. Mas bati na trave. Ainda vou buscar", disse Galgani.

No futebol de cegos, em que é pentacampeão paralímpico, o Brasil estreou com vitória por 3 a 0 sobre a Turquia. Foi o primeiro dia de partidas em uma das sedes mais espetaculares dos Jogos, aos pés da Torre Eiffel, onde foi disputado o torneio de vôlei de praia dos Jogos Olímpicos, no mês passado. Na fase de grupos, a seleção brasileira ainda vai enfrentar China e França.

No vôlei sentado masculino, a seleção brasileira perdeu por 3 sets a 0 (25/12, 25/13, 25/19) para o Irã, time do segundo homem mais alto do mundo, Morteza Mehrzadselakjani. Mehrzad, 36, como é conhecido, tem 2,46 m e uma perna 15 cm mais curta que a outra. Começou no paradesporto aos 22 anos, depois que um treinador o viu em um reality show da televisão. O Irã é o atual bicampeão paralímpico.

No parabadminton, categoria SH6 (baixa estatura), o paranaense Vítor Tavares foi derrotado pelo francês Charles Noakes em uma semifinal equilibrada (21/18 e 22/20). Ele disputa o bronze nesta segunda, contra Man Kai Chu, de Hong Kong.

Os triatletas brasileiros Jessica Ferreira, Letícia Freitas e Ronan Cordeiro, que deveriam ter disputado suas provas no domingo, terão que esperar mais um dia. As provas de triatlo foram adiadas devido à má qualidade da água do rio Sena, em razão da chuva em Paris nos últimos dias, e serão realizadas na manhã desta segunda-feira (2).

Na bocha, Evani Calado, da classe BC3 (deficiência severa), perdeu o bronze para a sul-coreana Sunhee Kang, por 7 a 2.