26 de agosto de 2024
CRÔNICA

Tia Lourdes, vida que não se apaga

Por Hélio Negri | Especial para a Folha da Região
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução

Maria de Lourdes Garcia, mulher extraordinária, uma guerreira percorrendo seus sonhos, lutando por oportunidades, erguendo barreiras familiares, construindo uma vida de generosidade e, mais que isso, distribuindo seu amor entre as pessoas que tiveram o privilégio de sua amizade e companhia. Nossa querida Tia Lourdes. Impossível será estancar as veias da saudade.

Mulher de fé que estendia os braços e acolhia a todos com singular desprendimento. Deixa-nos aos 93 anos e uma história como exemplo de perseverança, trabalho e gratidão a Deus pelas conquistas em vida. Alegria e tristeza são inseparáveis e do mesmo modo nos ensinam a entender um pouco mais os mistérios que nos desafiam ao longo do tempo.

Suas mãos encantadas, mais serviam aos ditames do coração. A cozinha era seu espaço, seu templo, sua religião, orgulho da família. Assim nasceu a Casa de Massas Tia Lourdes. Seu pendor nato, cultivado nos fogões a lenha na pequena cidade Sebastianópolis do Sul, transformou sonhos em realidade e foram entregues, de coração aberto e pulsante, aos desígnios do Senhor.

Portas abertas a acolherem quem chegasse, refletiram-se em suas maravilhosas receitas. Havia sempre em cada uma delas um toque especial, um ingrediente a mais, um jeitinho abençoado daquela mulher que parecia flutuar como em um salão de baile, ao experimentar seus próprios segredos culinários. O coração em festa, o amor espargindo-se leve e docemente.

Viveu com simplicidade, seguindo à risca o pensamento do libanês Gibran Khalil Gibran, acompanhando o ritmo da terra, a alma da terra. É o Profeta quem diz: “quando trabalhais, sois uma flauta através da qual o murmúrio das horas se transforma em melodia”. Que esta melodia nos acompanhe sempre, Tia Lourdes, transforme nossos caminhos e que seja, afinal, inspiração para outras vidas.

A Paz esteja sempre convosco!

Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. E viverás na memória das gerações que hão de vir. (Cora Coralina)