17 de agosto de 2024
ACIDENTE EM VINHEDO

Família venezuelana que morreu em queda de avião é velada em SP

da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Arquivo pessoal
Avó, filha, neto e cachorrinha: todos morreram no acidente

A família de venezuelanos morta há uma semana na queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP) está sendo velada nesta sexta-feira (16), na cidade de Carapicuíba, na Grande São Paulo.

Cerimônia de despedida seguirá até às 18h de hoje na Funerária São Paulo. Josgleidys Gonzalez, o filho Joslan, de quatro anos, e a mãe dela, Maria Parra, estavam no voo 2283, da Voepass, que saiu de Cascavel (PR) com destino ao Aeroporto de Guarulhos, mas caiu no interior de São Paulo.

Velório iniciou às 11h. Segundo um funcionário do local, a previsão era de que familiares estivessem presentes, mas até a publicação da reportagem, não havia ninguém da família. Corpos serão cremados na cidade de São Paulo, no Crematório da Vila Alpina.

Cinzas serão levadas para Venezuela. A informação é da TV Globo.

Cachorra da família também estava no voo. Ela se chamava Luna e tinha seis meses. O corpo do animal foi entregue a parentes das vítimas. Luna deve ser cremada.

Vítima de golpe

Eles moravam em Cascavel (PR), cidade de onde partiu o avião. Segundo Thaiza Evangelista, amiga das vítimas, eles vieram para o Brasil "em busca de um futuro melhor".

Viagem a Guarulhos era primeira etapa da viagem da família à Venezuela. Segundo Thaiza, eles iriam para lá apenas para fazer o documento de Joslan, que nasceu no país vizinho mas veio pequeno para o Brasil, e depois iriam para a Colômbia porque o custo de vida no Brasil estava muito caro.

Josgleidys levou um golpe na internet no sábado (3), às vésperas da viagem. De acordo com a amiga da família, ela perdeu todo o dinheiro do acerto pelo período em que trabalhou em um supermercado como caixa, cerca de R$ 3.000, e ficou sem comida para a última semana deles no Brasil.

Eu e meus vizinhos nos reunimos e juntamos uma quantia para que fizessem compras de alimentos para até o dia de hoje e o restante do valor levaria na viagem. Thaiza Evangelista, amiga da família, nas redes sociais

Luna e menino brincaram antes de voo. Um vídeo gravado por uma amiga da família mostra a cachorrinha brincando com o menino Joslan Perez. No registro, os dois correm com uma bola no gramado. A gravação foi feita horas antes do voo, na manhã de sexta-feira (9).

Cão foi adotado com três meses. A família não queria deixá-la para trás, segundo a veterinária Lucimery Veloso, que atua na ONG ACIPA (Associação Cidadã de Proteção aos Animais - Cascavel). "Cada um ajudou um pouco para tornar possível a viagem da Luna junto com a família", disse ela.

TODAS AS VÍTIMAS JÁ FORAM IDENTIFICADAS

O IML concluiu a identificação de todas as 62 vítimas. Dos 62 corpos, 42 já foram liberados para as famílias.

Maioria das vítimas era de Cascavel (PR), mas havia moradores de outros sete estados também. A cachorra Luna, que viajava com a família venezuelana, também foi retirada dos destroços, e os restos mortais disponibilizados aos familiares, que podem recebê-los ou deixar para que a polícia faça a incineração sanitária.

Os que ainda não foram liberados aguardam alguns exames. ''Corpos já estão prontos para serem liberados porque tem um confronto positivo pelo menos, mas tentamos conseguir mais outros para ter 100% de certeza'', explicou o médico legista Paulo Diego.

Todas as pessoas morreram devido ao impacto do avião com o solo. Com isso, mortes foram instantâneas por politraumatismo e, só depois, o avião explodiu. Apesar disso, corpos não foram completamente carbonizados.

A identificação foi feita por papiloscopia (impressões digitais), arcadas dentárias, e características especiais de cada um. Segundo os peritos, não foi necessário realizar exames de DNA para identificação - um processo de última escolha, por ser mais demorado.

Mãos da maior parte das vítimas estava preservada. "Nós tivemos 8 estados envolvidos com as vítimas. E a velocidade com que esses estados enviaram os documentos [para identificação das pessoas] foi fundamental.", explicou o diretor do Instituto de Identificação de SP, Maurício José Lemos Freire.