23 de novembro de 2024
RECEITA

Bolachinhas de canela

Por Sonia Machiavelli | Especial para a Sampi
| Tempo de leitura: 3 min

Ingredientes

Há pessoas que têm uma habilidade verbal tão formidável, que nos despertam fácil para o tema de que falam. O Célio, meu cabeleireiro (e de dezenas de clientes a quem atende no seu salão Toks Dourados), é uma delas. Talvez por gostar como eu de plantas e pratos, quando ele começa a falar sobre como fazer para a cebolinha viçar no vaso, o antúrio florir o ano inteiro, o figo ser limpo sem muita trabalheira, ele me envolve.

Criado na zona rural, num lugar bucólico que frequenta nos fins de semana, conhece todo tipo de ervas usadas para chás. Não só hortelã, cidreira, poejo, mas outras, que já escasseiam porque ninguém mais planta.  Como a alfavaca, palavra que vem do árabe e significa “o vaso”. Qual a razão da transposição de sentido do continente para o conteúdo? Os etimologistas acreditam que isso se deve ao fato de nos jardins cultivados por árabes a alfavaca ser plantada em vasos distribuídos de forma a perfumar todos os cantos. Os espanhóis, que conviveram por oito séculos com eles, podem ter confundido as palavras e designado a planta com o nome do vaso. Minúcias, cultura de algibeira. Que o leitor e a leitora pulem esta parte se acharem tediosa.

Ao assunto, direto: o Célio me falou, dia desses, da delícia que era tomar um chá de cidreira acompanhado por bolachinhas num dia chuvoso. Não resisti. A gente costuma cultivar umas crenças e morre com elas se não aparece alguém para nos mostrar outros usos. Eu só recorria às ervas medicinais que tenho no quintal quando é para fazer remédio para gripe. Mas quem disse que tem de ser só para doença? Se são perfumadas e só nos fazem bem, por que não usá-las prazerosamente nas infusões, acompanhadas por bolachinhas, como sugeriu o Célio? Fiquei matutando nisso e, dias depois, fiz umas bolachas de canela, para serem acompanhadas por chá de cidreira. Que delícia! Agora virou hábito. Quase toda tarde lá estou apanhando algumas folhas do que também chamam de capim limão. E outras folhas, das plantas que cultivo em vaso. Obrigada, Célio!

As bolachas de canela, hoje protagonistas deste espaço, não requerem muito trabalho. É só juntar numa tigela a manteiga (em ponto de pomada) e o açúcar e bater com garfo até ficar fofo. Agregue a canela e misture bem. Bata os ovos separadamente e reúna-os à mistura cremosa, continuando a bater. Misture a farinha ao fermento, peneire, e aos poucos vá intercalando à mistura da tigela com o chá de canela. Coloque a mão na massa e sove por uns minutos. O ponto é o de enrolar. Se for preciso, acrescente mais farinha, mas não tanto que a massa fique dura. Retire com colher uma porção, forme bolinhas com as mãos untadas e achate-as com o fundo de um copo pequeno (desses de aguardente) ou taça. As que estão na foto ficaram com o relevo do fundo da taça que usei. Coloque em assadeira untada e polvilhada com farinha. Polvilhe com açúcar cristal misturado com canela em pó. Leve a assar em forno moderado (preaquecido) por quinze minutos. Elas são ótimas para servir aos amigos que chegam à tarde nessa época do ano em nossa casa a fim de nos desejar um ano feliz.