A cidade de Presidente Prudente (278 quilômetros de Bauru) é a primeira cidade do Estado de São Paulo - e uma das primeiras no Brasil - a receber o método Wolbachia, em nova fase de implementação, como parte da política de saúde pública do governo federal para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. A introdução de novas tecnologias de controle vetorial, como esta, faz parte do Plano de Ação 2024/2025, que visa reduzir os impactos das arboviroses.
Desenvolvido pelo World Mosquito Program (WMP) em parceria com a Fiocruz, o método interfere na capacidade de transmissão do vírus pelo Aedes, tornando-o menos eficiente na disseminação da doença. A Wolbachia é uma bactéria encontrada em cerca de 60% dos insetos, incluindo alguns tipos de mosquitos, mas não ocorre naturalmente no Aedes aegypti.
Quando introduzida nesta espécie, a bactéria impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam, contribuindo para a redução dessas doenças. O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com Wolbachia, que se reproduzem com os mosquitos locais, formando gradualmente uma nova “população” de mosquitos portadores da bactéria.
Com o tempo, a proporção de mosquitos infectados aumenta até atingir um nível estável, eliminando a necessidade de novas liberações. Esse efeito torna o método autossustentável e viável a longo prazo, informa o Ministério da Saúde. Os "Wolbitos", como são chamados os mosquitos infectados pela bactéria, não são organismos transgênicos e, portanto, não sofrem modificação genética. Além disso, não transmitem doenças e a Wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.
Neste momento, Presidente Prudente encontra-se na fase de engajamento comunitário, na qual as equipes do projeto, juntamente com os municípios parceiros, estão em contato com a população e com instituições como unidades de saúde, escolas, associações e ONGs. O objetivo é compartilhar informações sobre o método Wolbachia, esclarecer a respeito do trabalho que será realizado em campo e detalhar o processo de liberação e monitoramento dos mosquitos infectados pela bactéria.
Uma das metas do Ministério da Saúde é expandir a metodologia Wolbachia para mais 40 municípios em 2025. Até o momento, cerca de 4 milhões de habitantes foram beneficiados com a tecnologia em oito cidades brasileiras: Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Joinville (SC), Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). Esse número deverá atingir 5 milhões com as liberações previstas para Presidente Prudente (SP), Natal (RN) e Uberlândia (MG).
Com a expansão, o Brasil espera cobrir um maior número de cidades e otimizar a distribuição desses ovos às regiões mais críticas. “Nossa meta é transformar essa tecnologia em política pública, deixando de ser um projeto de pesquisa e passando a integrar as estratégias permanentes de controle do Aedes aegypti em larga escala”, afirmou o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Rivaldo Cunha.
Biofábricas
Atualmente, há biofábricas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, onde é reproduzido todo o ciclo de vida do mosquito, além da produção de ovos. Foz do Iguaçu, Londrina e Joinville também abrigam biofábricas, responsáveis pelo processo iniciado com a eclosão dos ovos do Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia. Além disso, estão em andamento novas biofábricas que seguirão esse mesmo modelo nas cidades de Presidente Prudente, Natal e Uberlândia.
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