O apoio de dois amigos e R$ 600,00 recebidos por meio de um benefício do governo foi o que o produtor cultural Renato Magú, 44 anos, precisou para iniciar a Semana do Hip Hop em 2011. Em 2024, 13 anos depois, o evento chegou a outros três municípios: Porto Feliz, Barretos e Ourinhos. A expansão é fruto da experiência acumulada ao longo de anos de rap, break dance, grafite e outras atividades promovidas em Bauru.
Na avaliação de Magú, 2024 foi de muito sucesso para a Semana do Hip Hop. "Avançou muito, mas ainda têm muitos lugares que precisam do nosso apoio. Uma hora ou outra vamos chegar nessas cidades", afirma.
Magú adianta que, no próximo ano, 10 municípios receberão o Circuito Paulista de Hip Hop, o nome que o evento leva em outros municípios, incluindo a Capital. O sonho é ainda mais ambicioso: o produtor pretende expandir para outros estados e tornar Bauru referência nacional. Atualmente, a Semana do Hip Hop de Bauru já é considerada a maior iniciativa gratuita do gênero na América Latina, mesmo quando ocorria somente no município.
"São Paulo é uma locomotiva cultural. Quando o estado puxa esse bonde, a tendência é que os outros queiram seguir. O massa é que o Interior está fazendo. Não é nenhum grandão da Capital fazendo de cima para baixo. É a gente fazendo a contramão, levando para a cidade de São Paulo", diz.
Outro destaque é que, pela primeira vez, toda a cadeia de colaboradores foi remunerada, o que gera emprego e renda. Anteriormente os organizadores dependiam de voluntários. Para realizar a expansão e a remuneração, o evento contou com verbas municipais, estaduais e federais.
A Semana do Hip Hop de Bauru também tem compromisso com a inclusão. O evento sempre priorizou a participação de mulheres e a representatividade da cultura negra. Além disso, garantiu acessibilidade para PCDs (pessoas com deficiência) nos quatro municípios onde foi realizado neste ano.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Apesar de começar de forma independente como um espetáculo do Instituto Acesso Popular, a Semana do Hip Hop se tornou Lei Municipal em 2013. Sua realização faz parte do calendário oficial de Bauru e é obrigatória. O evento em si, segundo Magú, chega até a ser secundário frente à importância das articulações de apoio ao movimento Hip Hop e à criação de políticas públicas — a prioridade do produtor cultural.
"A gente quer que o evento seja uma 'start' para a comunidade. A ideia é permitir que as articulações do movimento continuem acontecendo durante o ano todo nas cidades. Inclusive, todos os municípios que passamos foram indicados para receber emendas parlamentares possibilitando que as prefeituras ajudem a galera em todo 2025", explica.
Ele destaca o processo realizado em Porto Feliz. De acordo com o produtor, o movimento Hip Hop e a prefeitura eram rompidos por conta da disputa entre a esquerda e a direita. O grupo conseguiu restabelecer a relação entre eles. "O poder público precisa olhar para essas pessoas também, sem distinção e independentemente de cor da bandeira partidária", diz.
Ele também destaca a criação da Frente Parlamentar da Cultura Hip Hop na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o retorno do edital voltado ao movimento do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (Proac), além da retomada do Encontro Paulista de Hip Hop.
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