A Operação Aurora, deflagrada nesta segunda-feira (16/12) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em parceria com as corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil, busca desmantelar uma organização criminosa que extorquia trabalhadores autônomos no Brás, região de comércio popular em São Paulo. Segundo as investigações, policiais militares e civis integravam o esquema.
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A operação prevê o cumprimento de 15 mandados de prisão preventiva, envolvendo seis policiais militares e uma policial civil, além de 20 mandados de busca e apreensão. O sigilo bancário e fiscal de oito empresas e 21 indivíduos foi quebrado para aprofundar a apuração.
As investigações começaram após a Corregedoria da PM denunciar ao Gaeco a atuação de agentes que exigiam pagamentos regulares de ambulantes para permitir o trabalho na região. Muitos dos comerciantes, imigrantes de países da América do Sul, sem acesso a crédito formal, eram forçados a recorrer a agiotas. Esses agiotas, por sua vez, utilizavam os próprios policiais para cobrar dívidas, frequentemente com violência.
Uma testemunha relatou que, nos últimos anos, passou a ser cobrada em até R$ 15 mil anuais, além de uma taxa semanal de R$ 300, para continuar com sua barraca na Rua Tiers. Caso não conseguissem pagar, os ambulantes perdiam seus pontos de venda ou eram coagidos.
As investigações também revelaram o envolvimento de uma escrivã da Polícia Civil, que teria vínculos com um sargento da PM. Ela foi flagrada participando de extorsões ao lado de outros membros do grupo criminoso, intimidando comerciantes da região.
Os alvos incluem policiais ativos e aposentados, além de outros integrantes ligados ao esquema, como agiotas e representantes de associações de ambulantes.