VOTAÇÃO

Governistas boicotam impeachment na Coreia do Sul

Por Nelson de Sá e Marília Miragaia | da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução de vídeo/Al Jazeera English/Facebook
Multidão ocupava o entorno da Assembleia Nacional, na região oeste de Seul, para pressionar pela aprovação do impeachment.
Multidão ocupava o entorno da Assembleia Nacional, na região oeste de Seul, para pressionar pela aprovação do impeachment.

A votação do pedido de impeachment do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, caiu em um limbo neste sábado (7), quando membros do partido governista deixaram o plenário - sob pedidos da oposição para que retornassem para concluir o processo.

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Enquanto os parlamentares debatiam a moção, apresentada pelo principal partido de oposição, o Partido Democrático, apenas três membros do Partido do Poder do Povo (PPP), de Yoon, permaneceram, segundo informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap. São eles Ahn Cheol-soo, Kim Yea-ji e Kim Sang-wook

Do lado de fora, uma multidão ocupava o entorno da Assembleia Nacional, na região oeste de Seul, para pressionar pela aprovação do impeachment.

Trens de metrô foram proibidos de parar a duas estações de distância. Não era possível andar na entrada para o prédio, mas o público acompanhava os bordões aos gritos e hits sul-coreanos.

Durante a votação, houve passeata ao redor do terreno da Assembleia. Outros manifestantes cantavam e dançavam para se aquecer. Às 19h15 (7h15 no horário de Brasília), a temperatura registrada era de 0ºC. O amplo gramado estava inacessível, bloqueado por carros e ônibus distribuídos pelo espaço para impedir helicópteros ?que, na terça, trouxeram soldados na tentativa de invadir o prédio, quando Yoon declarou lei marcial na Coreia do Sul.

"Yoon preso!", gritavam os manifestantes, puxados por animadores que ficavam no palanque e eram reproduzidos em telões quarteirão após quarteirão.

A oposição precisa de pelo menos oito votos do PPP para alcançar a maioria de dois terços necessária para aprovar o impeachment.

Antes da votação do pedido, os parlamentares governistas já haviam conseguido rejeitar um pedido de investigação especial contra a primeira-dama Kim Keon-hee, envolvida em suspeita de corrupção por ter recebido uma bolsa Christian Dior no valor de cerca de 3 milhões de wons (cerca de R$ 11 mil) de um pastor.

Os parlamentares deixaram a Assembleia sob gritos de manifestantes que estavam nos arredores.

Quando o debate sobre a moção de impeachment começou, parlamentares da oposição leram os nomes dos membros do PPP que haviam deixado a votação.

O presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, pediu que os membros do PPP retornassem. Em um impasse sobre a votação, o secretário do Parlamento afirmou que a votação tem o prazo de até 12h48 de domingo (0h48 no horário de Brasília) ser concluída.

Um dos membros do PPP que havia retornado à Assembleia disse aos repórteres que votou contra a moção de impeachment porque não concordava com o projeto - mas ainda assim afirmou que Yoon não era qualificado para ser presidente.

Em reuniões na manhã deste sábado (7), em Seul, o PPP já havia indicado que iria se posicionar contra o impeachment do presidente do país.
Líderes da oposição disseram que retomariam a moção de impeachment na quarta-feira, caso falhasse na primeira tentativa.

Na manhã do sábado, Yoon pediu desculpas à nação por sua tentativa de impor a lei marcial. Havia a expectativa de que o presidente renunciasse, mas o mandatário permaneceu no cargo, desafiando intensa pressão interna e externa.

O decreto relâmpago na noite da última terça (3), que, na teoria, suspendeu atividades políticas e baniu liberdades civis durante as horas em que esteve em vigor, motivou diversos pedidos de renúncia de funcionários de alto escalão, manifestações massivas em todo o país e uma investigação pela polícia.

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