Lucas Lacerda
O Tribunal de Justiça Militar de São Paulo manteve a prisão do policial militar Luan Felipe Alves Pereira, 29, na tarde desta quinta-feira (5). A decisão foi tomada na audiência de custódia, realizada na sede do órgão. O soldado foi filmado arremessando um jovem de cima de uma ponte em Cidade Ademar, distrito da zona sul de São Paulo.
O agente, que tem oito anos de corporação e já respondeu a ao menos dois Inquéritos Policiais Militares, foi preso na manhã desta quinta quando chegava para trabalhar na Corregedoria. Ele havia sido designado para o setor após ser removido do trabalho nas ruas em meio à repercussão do caso.
Quando decidiu pela prisão, o tribunal citou a origem questionável da ocorrência, com um telefone do policial a um agente de seguros para perguntar sobre moto roubada na região, a falta dos devidos registros dos fatos e também de informação sobre o destino da moto, entre outros motivos.
A cena de violência policial gratuita abriu crise na cúpula da Polícia Militar e na gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) e expõe a atuação de Guilherme Derrite à frente da pasta da segurança.
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O agente foi flagrado em vídeo durante uma ação policial realizada na noite de domingo (1º) ou na madrugada de segunda (2), na rua Padre Antônio de Gouveia. Segundo moradores, os agentes estavam na região para dispersar um baile funk. Quando o motociclista, que não foi identificado, entrou na rua e viu os policiais fazendo bloqueio, ele teria perdido o controle e caído do veículo. Nesse momento, segundo testemunhas, o rapaz teria começado a xingar o policial, que estava acompanhado de outros três, de acordo com o vídeo.
Apesar da repercussão, governador afirmou na quarta-feira (4) que manterá o ex-integrante da Rota no cargo. Tarcísio justificou sua posição com estatísticas criminais, como homicídios -em tendência de queda anos antes do início da gestão- e roubos.
O caso do homem jogado da ponte se soma a uma série de episódios recentes de violência policial e ao aumento da letalidade sob Tarcísio na comparação com anos anteriores. Em 3 de novembro, Gabriel Soares, 26, foi morto com tiros nas costas disparados por um PM de folga. Dois dias depois, no litoral, Ryan da Silva Andrade Santos, 4, brincava na rua com outras crianças quando foi atingido no Morro de São Bento, em Santos, por um tiro disparado da arma de um policial militar.