POLÍTICA

Flávio Paradella: Agora é a vez de Carlinhos Camelô

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/CMC
Carlinhos Camelô, vereador desde 2013, vai para seu quarto mandato consecutivo após ser o nono mais votado nas últimas eleições, com mais de 7,3 mil votos.
Carlinhos Camelô, vereador desde 2013, vai para seu quarto mandato consecutivo após ser o nono mais votado nas últimas eleições, com mais de 7,3 mil votos.

A política é como nuvem — uma frase frequentemente usada pelos mais experientes no campo para ilustrar as mudanças repentinas. E, na Câmara de Campinas, a “nuvem” mudou novamente de forma com a ascensão de Carlinhos Camelô (PSB) como concorrente de Luiz Rossini (Republicanos) à presidência do legislativo na próxima legislatura.

O grupo de base, já alvoroçado, havia cogitado outros nomes como Luiz Cirilo (Podemos) e Rodrigo da Farmadic (União Brasil). Este último, no entanto, deixou o páreo para apoiar a candidatura do novo nome ungido.

Carlinhos Camelô, vereador desde 2013, vai para seu quarto mandato consecutivo após ser o nono mais votado nas últimas eleições, com mais de 7,3 mil votos. Como o nome sugere, sua trajetória política começou na luta pelas demandas do comércio informal. Atualmente, ele ocupa o cargo de 1º vice-presidente da Mesa Diretora do legislativo. Camelô, que já foi filiado ao PCdoB, agora integra o PSB, partido que faz parte da base governista desde 2013.

Esse contexto traz uma peculiaridade: o nome alternativo para a presidência da Câmara vem do partido do vice-prefeito e principal articulador político do governo, Wanderley de Almeida (Wandão). O Quarto Andar apoia Rossini há meses, esperando que o diálogo e o fim da legislatura trouxessem paz à disputa interna. Contudo, a ebulição atual, envolvendo diretamente a sigla do vice-prefeito, é emblemática.

A desorganização não se limita à base governista como um todo, mas afeta até o PSB, partido que integra a administração desde a gestão de Jonas Donizette. Naturalmente, espera-se que os partidos do prefeito e vice sejam coesos, garantindo estabilidade em momentos decisivos. No entanto, o cenário atual demonstra que o Gabinete enfrenta dificuldades inesperadas em manter a unidade no momento crucial do fim do primeiro mandato, comprometendo acordos essenciais.

Os pêndulos

Quem acompanhou a eleição americana se acostumou a ouvir sobre os "estados-pêndulos", aqueles em que não era possível saber de antemão para que lado os votos iriam. Pois bem, na Câmara, temos os "vereadores-pêndulos". O grupo de apoio a Rossini afirma contar com 14 votos assegurados, enquanto a ala que agora apoia Carlinhos Camelô garante ter 12 votos. A soma chega aos 26 vereadores da base, mas nem todos já tomaram uma decisão definitiva, e há nomes que aparecem nas listas tanto de Rossini quanto de Camelô.

É aquele cenário típico: “A gente vai conversando. Tô contigo. Depois a gente vê. Tamo junto.”

Mais de 5 horas

A Câmara de Campinas aprovou na noite desta segunda-feira (2) o projeto de lei que concede jornada especial de trabalho para servidores municipais que possuem dependentes com deficiência. A proposta foi aprovada em definitivo e agora segue para sanção do prefeito para se tornar lei.

A medida permitirá aos servidores uma redução proporcional de 16% na jornada de trabalho, como no caso de jornadas de 40 horas, que passarão a 33 horas e 20 minutos. A iniciativa busca atender a uma decisão do Supremo Tribunal Federal e a uma demanda levantada na campanha salarial de 2023 do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal.

A sessão, que durou cinco horas, teve uma pauta extensa com 26 itens devido ao represamento de matérias causado pelo cancelamento da reunião anterior. Ao todo, 23 pautas foram apreciadas, incluindo o projeto do vereador Luiz Cirilo (Podemos), que obriga empresas de serviços por aplicativo a manter atendimento telefônico 24 horas. Três itens foram adiados para a próxima sessão.

Outros projetos aprovados incluem mudanças no IPTU e taxa de lixo, concessão de honrarias e ajustes em normas municipais, como o uso de solo público e o atendimento de métodos contraceptivos na rede pública.

Três projetos não foram votados e serão analisados na próxima reunião. Entre eles, a obrigatoriedade de cartazes sobre crime de aborto em unidades de saúde e a criação da Lei Municipal de Atenção à Gagueira.

Segundona braba

O Legislativo já se prepara para mais uma "segundona braba", com a previsão de que os projetos do Orçamento e do PIDS (Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável) de Barão Geraldo integrem a pauta no início da próxima semana. Já a proposta de alteração na composição diretiva do Camprev deverá, ao que tudo indica, ser encaminhada para sessões extraordinárias.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

 

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