ATUALIZAÇÃO

PM morto em Ribeirão: família aponta negligência e cobra Justiça

Por Hevertom Talles | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução

Notícia atualizada às 12h50

O cabo da Polícia Militar Alan Roberto de Freitas Silva, de 35 anos, morreu na última quinta-feira, 21, após passar mais de 30 dias internado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O militar, lotado na Força Tática do 15º Batalhão da Polícia Militar de Franca, participava de um curso de instrução no Comando de Policiamento do Interior Três (CPI-3), em Ribeirão Preto. A família denuncia práticas irregulares e negligência durante o treinamento e exige explicações. “Todo o problema foi causado, ninguém me tira da cabeça, por negligências, excesso de coisas que não precisariam ser feitas”, diz o pai, Wellington Aires Silva.

Em nota enviada à reportagem do GCN, a Secretaria de Segurança Pública informou que "a Polícia Militar instaurou uma sindicância para apurar todas as circunstâncias da morte do policial."

O pai de Alan afirma que a família foi inicialmente informada de que o policial teria se engasgado durante uma refeição ao comer peito de frango. Contudo, rumores apontaram que gás lacrimogêneo teria sido lançado no refeitório, o que teria contribuído para o agravamento de sua saúde.

“Depois, em off, passado alguns dias, eu fiquei sabendo que eles tinham lançado gás lacrimogêneo dentro do refeitório. Há veracidade?! Não sei, porque eu ouvi de terceiros. Ele veio a óbito devido a uma infecção de mediastino, que é aquela membrana que envolve o pulmão. Esse líquido inflamou e foi a causa da morte”, explicou Wellington.

O pai acusa o CPI-3 de práticas inadequadas e cobra justiça. “O que eu ouvi de PMs é que o curso não era para ser ministrado como está sendo feito aqui no CPI-3 de Ribeirão Preto. Quero justiça. Meu filho morreu por erro, erro do CPI-3 de Ribeirão Preto, treinamento errado, curso errado.”

Contradições sobre estado de saúde

Outro ponto de indignação para a família é a alegação, registrada em boletim de ocorrência, de que Alan teria uma doença pré-existente. Wellington rebate categoricamente. “Meu filho não tinha nada, não tinha nada. Colocaram no BO-PC, de Ribeirão Preto, que ele tinha uma doença. Olha a contradição. Como é que uma pessoa tem uma doença, ela continua na Polícia Militar e passa pelos exames médicos? Ele estava apto ao serviço. É mentiroso. Estão tentando acobertar um sargento e um capitão, que fizeram merda (sic) e não estão querendo assumir essa merda.”

Práticas excessivas e falta de suporte

De acordo com Wellington, práticas abusivas foram aplicadas durante o curso, o que teria comprometido a saúde de Alan. “Eu fiquei sabendo disso em off, que deram dois minutos pra eles, que estavam desde às 6h da manhã, se não me engano, em treinamento. Chegou no horário de almoço, puseram eles no refeitório, deram dois minutos pra comerem e jogaram a granada de gás lacrimogêneo lá dentro. Foi isso que eu ouvi, de terceiros. E essa atitude não é padrão nem do Exército Brasileiro, nem da Polícia Militar do Estado de São Paulo.”

O pai do policial também denunciou a falta de assistência por parte do CPI-3 durante o período de internação de Alan. “Meu filho passou em coma induzido 32 dias e veio a óbito. Quem vai ser responsabilizado pela morte do meu filho? Quem vai pagar essa conta? Meu filho está morto. Meu filho está dentro de um caixão. Nós não tivemos apoio nenhum do CPI-3. Nem pra ligar, não me ligaram nem um dia, não ligaram pra esposa dele, não conversaram com ninguém.”

Nota oficial do comando da PM

O 15º Batalhão da Polícia Militar lamentou a morte de Alan em nota oficial, afirmando que ele sofreu uma “grave complicação de saúde” durante o curso de instrução. O militar foi socorrido e levado para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde passou por diversas cirurgias, mas não resistiu.

Alan ingressou na Polícia Militar em 2012 e integrava a Força Tática desde 2022. A nota destacou sua trajetória, classificando-o como um policial dedicado e companheiro.

Secretaria de Segurança Pública informa que vai investigar

Em nota enviada à reportagem do GCN na tarde deste sábado, a Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Militar instaurou uma sindicância e que vai apurar as circunstâncias da morte do policial. "A Polícia Militar instaurou uma sindicância para apurar todas as circunstâncias da morte do policial. A equipe médica investiga se a causa é uma patologia pré-existente. O caso foi registrado como morte suspeita – acidental no 6º DP de Ribeirão Preto, que prossegue com as diligências", diz a nota na íntegra.

Comentários

4 Comentários

  • Antonio Carlos 18 horas atrás
    Cursos ministrados no sentido de desumanizar o polícia para ele retribuir depois ao cidadão.
  • ira 19 horas atrás
    precisa, com urgencia, ivestigar tudo, familia, corra, nao deixe que n ada fique encoberto, e uma v ida que se vai, treinamento? absurdo, revoltante
  • Darsio 22 horas atrás
    Estariam os policiais sendo treinados sob o risco de morte e induzidos a deixarem de ser pessoas humanizadas e a agirem como máquinas, prontas para extrapolarem na violência e até matar? Criança de 4 anos e estudante de medicina de 22 anos de idade foram barbaramente assassinados por policiais e a indiferença tomou conta do Tarcísio e do Derrite, secretário da segurança. Agora, constata-se policiais sendo treinados até a morte e, mais uma vez a indiferença paira sobre o Tarcísio e o Derrite. A política do governador deixa bem claro que a vida dos policiais e as dos cidadãos pouco importam. Sorte do governador que somos uma sociedade de ignorantes, pois do contrário já teria renunciado por vergonha. Que a família do policial processo não apenas o Estado, mas também o secretário Derrite.
  • ALEXANDRE CESAR LIMA DINIZ 23 horas atrás
    Com esse forasteiro governando São Paulo não vai virar nada. Se abusar ainda processam o pai por calunia. O soldado foi assassinado por uma instituição que despreza a vida dos jovens paulistas e agora mata seus próprios membros.