A última ação do Festival Literatura Brasileira no XXI acontece na cidade de Jundiaí neste domingo, 24 de novembro, no Centro das Artes, como parte da programação da Festa Literária de Jundiaí (Flij).
Uma ação do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas (SisEB), da Unidade de Difusão Cultural, Bibliotecas e Leitura (UDBL), vinculada à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e gerenciada pela SP Leituras, o evento começa com a contação de histórias realizada pelo Coletivo Sorrisinho Negro, que apresenta a Lenda das Tranças. A narrativa se passa no reino de Oyó, onde apenas as mulheres que sentissem tristeza podiam ter seus cabelos trançados, aprisionando a dor nas tranças para que ela não atingisse o resto do corpo.
A imersão na literatura acontece com a mesa-redonda Diálogos de dentro: olhar literário sobre a diversidade, em que os espectadores passam a vivenciar as experiências e as percepções das autoras convidadas. Cada autora apresenta sua visão sobre a diversidade cultural, explorando diferentes perspectivas e refletindo os desafios e contextos dos dias atuais.
Com mediação de Gisele Moreira, doutora em Letras pela Universidade de São Paulo, professora na Fatec Jundiaí e autora de dois livros de crônicas e três livros infantis, a mesa contará com a participação de Julia Dantas, escritora premiada, tradutora e doutora em Escrita Criativa; Veronica Stigger, escritora, crítica de arte, curadora independente, professora universitária, finalista do prêmio Jabuti; e Mara Lígia Biancardi, autora local, formada em Letras pela USP, pós-graduada em Língua Inglesa, Metodologias do ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica e em Literatura.
Para Marcos Kirst, curador do Festival Literatura Brasileira no XXI, a escolha dos temas e das autoras para compor o panorama do festival tem como objetivo refletir as tendências contemporâneas na literatura. “A proposta é interagir com escritores e escritoras premiados ou finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura que estão construindo a nossa literatura contemporânea. Queremos conhecer olhares tão distintos e peculiares sobre a diversidade cultural brasileira e como ela vem se apresentando em suas obras”, afirma Kirst.
As autoras convidadas destacam a importância dos prêmios literários para impulsionar a carreira de autores estreantes e também discutem as recentes transformações sociais no Brasil. Cada uma trará sua perspectiva e opiniões, proporcionando uma reflexão junto ao público presente.
Para Júlia, o prêmio - aquele que se ganha ou aquele no qual se é finalista - consegue dar uma nova vida ao livro. "Acredito que a maior atenção que se dá a escritoras e escritores que antes estavam longe dos holofotes, como mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+, indígenas e outros grupos ditos minoritários, faz com que aumente a pluralidade de temas e visões que aparecem nos livros. Não estamos apenas conhecendo histórias da população negra ou indígena, por exemplo, mas enriquecendo nosso vocabulário a partir da ancestralidade e das cosmogonias de diferentes grupos”, comenta a escritora.
Verônica ressalta que os prêmios literários funcionam como um incentivo à publicação de originais de autores estreantes. “É o caso, por exemplo, do Prêmio Sesc de Literatura. Os originais são escolhidos anonimamente e, depois, publicados por uma editora. É um modo de apresentar novos talentos ainda desconhecidos pelo mercado editorial e de lançar nomes novos. Esse prêmio, inclusive, revelou nomes hoje importantes da literatura brasileira contemporânea, como Luisa Geisler e Tobias Carvalho”, enfatiza.
Para Mara Lígia Biancardi, “a literatura brasileira ainda é muito elitista, oportunizando variados caminhos a autores que pertencem a uma classe social mais privilegiada. Talvez isso aconteça pelos obstáculos enfrentados, como a falta de oportunidades para que as obras sejam lidas e divulgadas nos meios literários, o domínio de grandes editoras que apenas lançam autores renomados e a dificuldade de vender os livros como autores independentes”, ressalta a anfitriã do evento.
O Festival esteve presente nas cidades de Diadema, Lençóis Paulista, Ribeirão Preto São Bento do Sapucaí e Ubarana, disseminando o conhecimento dos autores, escritores e leitores por mesas-redondas e atividades artísticas. Uma verdadeira aula de literatura contemporânea!
O Festival Literatura Brasileira no XXI é uma iniciativa apoiada pelo Ministério da Cultura (MinC) e financiada pela Lei Rouanet, destacando-se como uma plataforma vital para a promoção da literatura e cultura brasileira. Com o patrocínio de empresas comprometidas com o desenvolvimento cultural, incluindo o Colégio Vital Brazil, Empiricus, OTIS Elevadores, Stima Energia, Velt Partners e Willis Towers Watson, o festival pode ofertar aos moradores locais, uma ampla gama de atividades e eventos que celebram a riqueza da literatura brasileira e estimulam o diálogo criativo e a educação literária.
PROGRAMAÇÃO JUNDIAÍ: 24 DE NOVEMBRO
13h30 às 14h | Intervenção Artística: Contação de história I Lenda das Tranças, Coletivo Sorrisinho Negro
14h às 15h30 | Mesa-Redonda - Diálogos de dentro: olhar literário sobre a diversidade
Mediadora
Gisele Moreira - doutora em Letras pela Universidade de São Paulo, professora universitária na FATEC Jundiaí e escritora com 2 livros de crônicas e 3 livros infantis publicados. Atua como professora de escrita criativa, tradutora e mentora de escritores e escritoras que querem iniciar uma carreira literária. Pesquisa temas como mediação de leitura para as infâncias, narratologia e literatura contemporânea escrita por mulheres.
Participantes
Julia Dantas - escritora, tradutora e doutora em Escrita Criativa. Autora de Ruína y leveza (Dublinense, 2015), finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, de Ela se chama Rodolfo (DBA, 2022), vencedor nas categorias romance do Prêmio Livro do Ano da AGEs e do prêmio da Academia Rio-Grandense de Letras, e de A mulher de dois esqueletos (Dublinense, no prelo). É cofundadora da Baubo, empresa que auxilia escritoras e escritores a levarem adiante seus projetos literários.
Veronica Stigger - escritora, crítica de arte, curadora independente e professora universitária. Entre seus treze livros de ficção publicados, estão Opisanie ?wiata (2013), Sul (2016) e Sombrio ermo turvo (2019). Com Opisanie ?wiata, seu primeiro romance, recebeu os prêmios Machado de Assis, São Paulo (autor estreante) e Açorianos (narrativa longa). Com Sul, angariou o Prêmio Jabuti. Sombrio ermo turvo, por sua vez, foi finalista dos prêmios Jabuti, Oceanos, AGEs e Minuano.
Mara Lígia Biancardi - nascida em Jundiaí, é formada em Letras pela USP, pós-graduada em Língua Inglesa, em Metodologias do ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica, em Literatura. É escritora, poeta, membro da Academia Jundiaiense de Letras. Publicou Momentos, InVerso, As Chaves Mágicas, Os Três Rs Mágicos, ENCLeuSURADO. Seu novo livro No meu caminho de mulher chutei pedras, chutei muitas pedras no meu caminho de mulher foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo.
SERVIÇO
Local: Centro das Artes - rua Barão de Jundiaí, 1093 - Centro, Jundiaí – SP
Data e hora: 24/11 das 13h30 às 15h30
Sem inscrição prévia.
Evento gratuito.