Nesta tarde de sexta-feira (1º), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota em que afirma que constata com surpresa "o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais".
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"A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo", diz a nota.
Segundo o portal G1, uma fonte do ministério disse que "não dava mais para a diplomacia brasileira se calar diante de tantos ataques". "Foram várias ofensas dirigidas ao Brasil", disse a fonte que não deve identidade divulgada.
Nesta semana, a Venezuela agravou a crise diplomática ao convocar o embaixador do país no Brasil e afirmou que o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, atua como "um mensageiro do imperialismo norte-americano".
A relação entre os dois países estremeceu quando quando o Brasil não reconheceu a autoproclamada vitória de Nicolás Maduro na eleição venezuelana em julho. A vitória foi confirmada por órgão eleitorais venezuelanos que são alinhados a Maduro.
Depois disso, o Brasil foi contrário à entrada da Venezuela no Brics, o bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã.
Na quinta-feira (31), a polícia da Venezuela publicou foto com bandeira do Brasil e uma silhueta de Lula, com os dizeres "Quem se mete com a Venezuela se dá mal". A publicação foi apagada do perfil.
O restante da nota emitida pelo Itamaraty diz que "o Brasil sempre teve muito apreço ao princípio da não-intervenção e respeita plenamente soberania de cada país e em especial a de seus vizinhos".
"O interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho."
A nota termina afirmando que "o governo brasileiro segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo".