Uma briga entre torcedores do Palmeiras e do Cruzeiro deixou ao menos um morto e 20 feridos, por volta das 5h da manhã deste domingo (27), na altura do km 65 da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, região metropolitana de São Paulo. A vítima fatal era um homem de 30 anos. O confronto envolveu 120 pessoas, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
O ônibus da Máfia Azul (torcida do Cruzeiro) foi interceptado pela Mancha Verde (Palmeiras). O ataque, que ocorreu no sentido Belo Horizonte, foi um revide a um confronto entre eles, em setembro de 2022, na mesma rodovia, mas em solo mineiro. Naquela ocasião, entre os agredidos estava o atual presidente da Mancha, Jorge Luis.
A torcida do Cruzeiro voltava de um jogo contra o Athletico Paranaense, em Curitiba. O Palmeiras havia jogado contra o Fortaleza, na capital paulista.
No ataque desta manhã foram encontrados "miguelitos" (armadilhas feitas com pregos para furar pneus) na pista. Bombas caseiras também foram utilizadas.
Um vídeo da PRF mostra um ônibus com os vidros quebrados, outro incendiado e torcedores caminhando pelo trecho onde ocorreu a confusão.
A tropa de choque da Polícia Militar e equipes do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) foram ao local dar apoio para a PRF, responsável pelo policiamento na via.
Segundo a PRF, sete pessoas tiveram sofreram traumatismo craniano e uma foi baleada no abdômen, mas não corre risco de vida. Os feridos ?todos torcedores do Cruzeiro? foram levados aos hospitais Franco da Rocha e Anjo Gabriel, em Mairiporã. Os agressores fugiram antes da chegada da polícia. Até o momento, ninguém foi preso.
De acordo com a Arteris Fernão Dias, responsável pela gestão da rodovia, a pista ficou interditada entre 5h14 e 6h30.
O Ministério Público de São Paulo chamou o ataque de "selvageria" e afirmou que vai tratar a Mancha Verde como organização criminosa. "Tal episódio é inaceitável e representa uma grave afronta à segurança pública e à convivência pacífica em nossa sociedade", afirma a nota. A Procuradoria-Geral da Justiça determinou que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) participe das investigações.
O Ministério Público de Minas Gerais se colocou à disposição das vítimas e dos familiares.
Em nota, o Cruzeiro lamentou o episódio de violência entre torcedores. "Não há mais espaço para violência no futebol, um esporte que une paixões e multidões. Precisamos dar um basta a esses atos criminosos", afirma.
A Sociedade Esportiva Palmeiras repudiou o episódio. Em nota, o clube declara que o futebol não pode servir como pano de fundo para brigas e mortes. "Que os fatos sejam devidamente apurados pelas autoridades competentes e os criminosos, punidos com rigor."
A Prefeitura de Mairiporã diz que vai acompanhar as investigações. Segundo nota, o local já passou por perícia. A Secretaria de Segurança Pública do município forneceu imagens da rodovia e dos arredores para auxiliar nas investigações e nos trabalhos da perícia. A ocorrência ainda está em andamento, com os torcedores envolvidos sendo ouvidos no distrito policial de Mairiporã.