O laboratório PCS-Saleme, sob investigação por ser responsável pela contaminação de seis pacientes transplantados com HIV, tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, o deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ). A informação é do portal G1.
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Durante a gestão de Luizinho, a SES-RJ (Secretaria Estadual de Saúde) contratou o laboratório por R$ 11 milhões, o que gerou questionamentos sobre possível influência familiar no processo de contratação.
Fontes do governo afirmam que, mesmo após deixar o cargo, Doutor Luizinho manteve sua influência na pasta. Além disso, sua irmã trabalha na Fundação Saúde, órgão que assinou os contratos com o laboratório.
Em nota ao G1, o deputado afirmou conhecer o laboratório há mais de 30 anos, e que a empresa é gerida por familiares, mas declarou não ter participado do processo de contratação. Ele também pediu "punição exemplar" dos responsáveis pelo erro que resultou na contaminação dos pacientes com HIV.
O Ministério da Saúde, por sua vez, determinou auditoria para apurar possíveis irregularidades no sistema de transplantes e na contratação do laboratório, medida que será conduzida pelo Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS).
Transplante de órgãos contaminados
O laboratório, de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, teria falhado na detecção do HIV nos órgãos.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) identificou ainda que o laboratório não dispunha dos kits necessários para os exames e não apresentou comprovantes de compra, o que levanta suspeitas de que os testes possam ter sido falsificados.
A descoberta se deu 10 de setembro, após um paciente transplantado apresentar sintomas neurológicos e testar positivo para HIV. Ele recebeu um coração em janeiro, o que levou as autoridades a revisarem os exames realizados pelo laboratório.
Durante o rastreamento dos casos, foi constatado que dois outros pacientes que receberam rins também contraíram o vírus, enquanto um quarto paciente, que recebeu uma córnea, testou negativo. Um quinto paciente, que havia recebido um fígado, morreu logo após o transplante, mas sua morte foi atribuída a complicações anteriores e não ao HIV.