Seis pacientes da fila de transplantes da SES-RJ (Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro) receberam órgãos contaminados pelo vírus HIV e agora testaram positivo.
A situação veio à tona após a divulgação pela BandNews FM e foi confirmada pela SES-RJ à TV Globo e ao portal g1 nesta sexta-feira (11). O caso é investigado pelo Ministério da Saúde e pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.
De acordo com a SES-RJ, o erro está relacionado ao laboratório privado PCS Lab Saleme, contratado em caráter emergencial por R$ 11 milhões em dezembro de 2023 para realizar exames sorológicos em órgãos doados.
O laboratório, de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, teria falhado na detecção do HIV nos órgãos. A Coordenadoria Estadual de Transplantes e a Vigilância Sanitária do estado interditaram o PCS Lab Saleme, enquanto a Decon (Delegacia do Consumidor) investiga o caso.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) identificou ainda que o laboratório não dispunha dos kits necessários para os exames e não apresentou comprovantes de compra, o que levanta suspeitas de que os testes possam ter sido falsificados.
A descoberta se deu 10 de setembro, após um paciente transplantado apresentar sintomas neurológicos e testar positivo para HIV. Ele recebeu um coração em janeiro, o que levou as autoridades a revisarem os exames realizados pelo laboratório.
Durante o rastreamento dos casos, foi constatado que dois outros pacientes que receberam rins também contraíram o vírus, enquanto um quarto paciente, que recebeu uma córnea, testou negativo. Um quinto paciente, que havia recebido um fígado, morreu logo após o transplante, mas sua morte foi atribuída a complicações anteriores e não ao HIV.
A SES-RJ tomou medidas emergenciais, como a transferência dos exames de sorologia para o Hemorio, que agora reavalia todas as amostras de sangue de doadores armazenadas desde dezembro de 2023. A secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, afirmou que uma comissão multidisciplinar foi criada para acompanhar os pacientes afetados, além de uma sindicância para apurar e responsabilizar os envolvidos.
A situação expôs falhas graves no sistema de transplantes do estado, mas a SES-RJ destacou que o serviço, historicamente, já salvou mais de 16 mil vidas desde 2006.
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Mauricio Goncalves de Moura 11/10/2024Voltamos a década de 1980. O Brasil não tem jeito. Um país que não tem justiça, cada um faz o que quer. É triste, é revoltante, é desanimador.