SETEMBRO AMARELO

Pressão cotidiana leva jovens ao sofrimento psíquico, alerta CVV

Por Isabela Holl | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Malavolta Jr./JC Imagens
José Carlos dos Santos explica sobre a campanha do Setembro Amarelo do CVV
José Carlos dos Santos explica sobre a campanha do Setembro Amarelo do CVV

Pressão escolar, falta de afeto e atenção familiar, questões ligadas à sexualidade e desamparo têm levado os adolescentes a buscar ajuda. O voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) José Carlos dos Santos explica que fatores psicológicos também se somam às angústias dos jovens e contribuem para o aumento da procura por auxílio profissional nessa faixa etária. Antes, explica ele, os atendidos tinham em sua maioria mais de 40 anos.

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado neste ano mostra a evolução contínua da taxa de suicídio entre crianças e jovens. Anualmente, há um aumento de 6% nos casos, segundo dados de 2011 a 2022. Já nas demais faixas etárias, o crescimento é de 3,7%.

José Carlos já tem dez anos de atendimento no Centro, que é sem fins lucrativos e formado por voluntários. O contato é feito majoritariamente através de ligações gratuitas para o número 188. Ele ressalta que é comum receber telefonemas de adolescentes na faixa de 13 a 15 anos.

"Vejo que as famílias estão se dissolvendo, com bases sem afeto, sem tempo e sem atenção. Todos em uma correria sem fim e isso é um fator para que os adolescentes se isolem, além da influência das redes sociais. Precisamos entender que, para o jovem, a dor parece que nunca acaba, ele não tem o entendimento de que aquilo pode ser passageiro. Então, um rompimento com a namorada pode gerar emoções vistas como definitivas".

A consequência desse desamparo, afirma, é o isolamento dos adolescentes, que podem se fechar dentro do quarto com a internet. "A afetividade diminuiu muito e, apesar da conectividade, nunca tivemos um mundo tão solitário", declara o voluntário. José Carlos explica que, devido a comportamentos individualistas, o tema da campanha de Setembro Amarelo deste ano é "atenção aproxima as pessoas".

Adoecimento mental

José destaca que o CVV é composto por cerca de 3.500 voluntários a nível nacional para atender entre 10 a 12 mil ligações por dia. Ainda assim, porém, a equipe não consegue dar conta da demanda — mesmo sendo um serviço que funciona ininterruptamente.

Além das ligações, o CVV também recebe emails, cartas e tem um chat online por meio do site www.cvv.org.br. Dentre todos os canais, o Centro totaliza três milhões de atendimentos por ano.

"Hoje, na sociedade a parte psicológica anda muito abalada. As ligações não são todas sobre suicídio, há solidão, ansiedade, crise do pânico e pessoas deprimidas. Os problemas que chegam até nós são variados".

Ele ressalta que a atenção precisa se fazer presente em todas as relações, como amizades, família, no trabalho e com quem está ao redor. "Se nós formos solidários uns com os outros, conseguimos evitar que o sofrimento leve ao suicídio. O ideal é tomarmos uma atitude e estarmos junto com as pessoas".

Como pedir ajuda

O CVV atende gratuitamente ligações pelo número 188. Para enviar email é preciso acessar o www.cvv.org.br e preencher a plataforma. No mesmo link há um chat para atendimento. Também é possível enviar cartas para o endereço rua Nóbile di Piero, quadra 1 - casa 3, Centro, Bauru. Todas as informações fornecidas em atendimentos são confidenciais e anônimas.

O centro também precisa de novos voluntários e, para isso, é preciso ter mais de 18 anos e entrar em contato pelo site.

Comentários

Comentários