TRAGÉDIA

31 corpos de vítimas de queda de avião em Vinhedo são resgatados

Por Fábio Pescarini e Artur Rodrigues | da Folhapress
| Tempo de leitura: 6 min
Thiago Rovêdo/TodoDia Campinas
Carro funerário sai de condomínio onde avião caiu
Carro funerário sai de condomínio onde avião caiu

O número de vítimas da queda do avião da Voepass no município de Vinhedo, a 79 km da capital paulista, subiu para 62. Até o início da tarde deste sábado, 10, os corpos de 31 delas haviam sido retirados do local do acidente. Dois deles foram identificados ?o piloto e o copiloto do voo.

Todos os corpos resgatados foram levados para o IML (Instituto-Médico Legal) Central da cidade de São Paulo para identificação.

O tenente Ramatuel Silvino, da Defesa Civil, afirmou que os trabalhos para a identificação dos corpos foram iniciados e alguns parentes das vítimas, atendidos. Segundo ele, os familiares ficarão em hotéis na capital e serão concentrados no auditório do Instituto Oscar Freire, próximo do IML.

Até a tarde deste sábado, cinco famílias haviam sido atendidas, de acordo com a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Elas receberam orientação para a entrega de documentos médicos que possam auxiliar na identificação de corpos e para a coleta de materiais biológicos para a realização de exames genéticos, quando necessário.

No auditório, eles contarão com o auxílio de psicólogos.

Dois corpos foram identificados ainda no condomínio de casas onde caiu o avião. Segundo o capitão Michael Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, o resgate começou pela parte da frente da aeronave, menos atingida pelo fogo após a queda.

Ele disse que os "corpos estão como se estivessem sentados em seus respectivos assentos".

"Para quem viu imagens aéreas, o avião caiu como se estivesse chapado no chão. A gente está com o desenho da aeronave no chão", explicou Cristo. As posições estão sendo usadas para identificar o corpo das vítimas. Os primeiros a serem identificados foram piloto e co-piloto.

Na manhã deste sábado, a tenente Olívia Perrone, também dos Bombeiros, disse que 9 dos 21 corpos resgatados estavam preservados próximo ao avião.

De acordo com ela, o trabalho de resgate foi acelerado na manhã deste sábado por causa da claridade do dia. Mesmo assim, os bombeiros evitam estimar o tempo necessário para a retirada de todos os corpos.

"Estamos fazendo um trabalho cuidadoso para preservar ao máximo os corpos para facilitar a identificação e por respeito às famílias das vítimas", afirmou. Segundo ela, os dois corpos identificados estavam na região da cabine do avião.

A aeronave caiu na sexta-feira (9), durante viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (Grande São Paulo), na área de uma casa no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão seguida por muita fumaça.

O acidente matou os 58 passageiros e os quatro tripulantes que estavam a bordo. Inicialmente, foi divulgado que 61 pessoas estavam no avião. Mas, neste sábado (10), a Voepass afirmou que o nome de um passageiro, Constantino Thé Maia, não constava da lista de embarcados.

A aeronave, que decolou às 11h50 e tinha previsão de chegada às 13h40, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.

Registros do site mostram que o bimotor começou a perder altitude às 13h20, quando estava a cerca de 5.100 metros. Cerca de um minuto depois, atingiu 1.798 metros, no último registro disponível.

Segundo a Força Aérea Brasileira, o avião deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo às 13h21. O piloto não teria declarado emergência ou reportado estar sob condições meteorológicas adversas.

A Voepass, dona da aeronave, disse que ainda não tem informações sobre a causa do acidente. O CEO da companhia aérea, Eduardo Busch, afirmou ainda que tudo o que tem circulado nas redes sociais é especulação.

Nas primeiras horas após o acidente, especialistas em aviação ouvidos pela Folha levantaram duas hipóteses principais para o caso com base nos primeiros detalhes, ressaltando que é cedo para determinar as causas.

Vídeos do momento da queda mostram que a aeronave desceu rodopiou no ar, mantendo-se em posição horizontal, manobra conhecida como "parafuso chato". Essas condições, segundo especialistas indicam que o piloto havia perdido o controle da aeronave e as condições de arremeter -ou seja, apontar o nariz da aeronave para baixo e usar os motores para ganhar novamente sustentação no ar.

O especialista em segurança de voo Roberto Peterka levantou a possibilidade de que gelo tenha se acumulado nas asas da aeronave. Já o engenheiro Hildebrando Hoffman, professor aposentado de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), citou a hipótese de que tenha ocorrido uma falha na posição das hélices.

Ambas as hipóteses teriam afetado a capacidade de tração da aeronave. Eles descartaram a possibilidade de falha elétrica ou no motor, pois há sistemas auxiliares que normalmente não fariam com que o avião caísse em queda livre, como se vê nas imagens. A pane seca também está descartada, uma vez que o combustível queimou no solo, após a queda.

O avião era um ATR-72, fabricado em 2010 e tinha certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos, segundo a Anac (Agência Nacional de Avião Civil). O voo contava com quatro tripulantes a bordo no momento do acidente e todos estavam devidamente licenciados e com as habilitações válidas.

"A aeronave estava regular, em todas as condições de aeronavegabilidade. Temos a rastreabilidade desde que a aeronave foi construída e isso será levantado e a informação será prestada à investigação feita pelo Cenipa", disse o diretor da agência, Luiz Ricardo.

A caixa-preta do avião foi recuperada, de acordo com o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira. O acidente foi considerado de alta complexidade e havia uma preocupação de que altas temperaturas pudessem ter danificado os equipamentos.

A unidade de São Paulo, Cenipa 4, disse ter conseguido encontrar os gravadores, nas siglas em inglês, CVR, o cockpit voice recorder, e o FDR, flight data recorder. O primeiro grava vozes da cabine e o outro dados do voo, como altitude, meteorologia, velocidade, dentre outros.

Vítimas do voo 2283

PASSAGEIROS
Constantino Thé Maia
Rosangela Souza
Eliane Andrade Freire
Luciani Cavalcanti
José Fer
Denilda Acordi
Maria Auxiliadora Vaz de Arruda
José Cloves Arruda
Nélvio José Hubner
Gracinda Marina Castelo da Silva
Ronaldo Cavaliere
Silvia Cristina Osaki
Wlisses Oliveira
Hialescarpine Fodra
Daniela Schulz Fodra
Regiclaudio Freitas
Simone Mirian Rizental
Josgleidys Gonzalez
Maria Parra
Joslan Perez
Mauro Bedin
Rosangela Maria de Oliveira
Antonio Deoclides Zini Júnior
Kharine Gavlik Pessoa Zini
Mauro Sguarizi
Leonardo Henrique da Silva
Maria Valdete Bartnik
Renato Bartnki Hadassa
Maria da Silva
Raphael Bohne
Renato Lima
Rafael Alves
Lucas Felipe Costa Camargo
Adrielle Costa
Laiana Vasatta
Ana Caroline Redivo
José Carlos Copetti
André Michel
Sarah Sellalanger
Edilson Hobold
Rafael Fernando dos Santos
Lizibba dos Santos
Paulo Alves
Pedro Gusson do Nascimento
Rosana Santos Xavier
Thiago Almeida
Paula Adriana Santos
Deonir Secco
Alípio Santos Netos
Raquel Ribeiro Moreira
Adriano Da Luca Bueno
Miguel Arcanjo Rodrigues Junior
Diogo Avila
Luciano Trindade Alves
Isabella Santana Pozzuoli
Tiago Azevedo
Mariana Belim Ariane Risso

TRIPULANTES
Debora Soper Avila (comissária de bordo)
Rubia Silva de Lima (comissária de bordo)
Humberto de Campos Alencar e Silva (copiloto)
Danilo Santos Romano (comandante)

Comentários

1 Comentários

  • Angélica Toledo 10/08/2024
    Deus conforte os familiares ????