ARTIGO

Carregar pedras enquanto descansa

23/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Foto: Reprodução Pexels

Enquanto descansa, carrega pedras. Para que descansar se podemos ficar cansados? O cansar físico é uma dádiva que não deve ser dispensada. O cansar mental depende do descanso físico.

Numa sociedade em constante movimento, surge a paradoxal imagem de carregar pedras enquanto se descansa. Um convite à reflexão sobre o significado do trabalho, inspirado pelos conceitos de diversos pensadores do assunto, propõe uma visão do ócio não como inatividade, mas como um estado de descanso ativo onde a mente trabalha de forma sutil.

Como a pedra que é carregada enquanto se descansa, o ócio pode ser um terreno fértil para o desenvolvimento do pensamento. Na física newtoniana, o trabalho é definido como a transferência de energia que ocorre quando uma força atua sobre um objeto e move-o numa certa distância na direção dessa força. Essa definição traz à tona a ideia de movimento e transformações, elementos que podem ser aplicados no trabalho mental durante o ócio.

Quando quero modificar alguma coisa, pergunto o que eu tenho e o que eu quero. Ao carregar pedras enquanto descansa, a mente se engaja num raciocínio baseado na análise do presente e na visualização do futuro desejado. O trabalho mental se torna um instrumento para a construção de um caminho a seguir.

A elaboração mental se manifesta em ideias, planejamentos e descobertas. Carregar pedras enquanto descansa é uma metáfora para a produção que emerge do esforço mental, um produto tangível de uma mente ativa mesmo em repouso físico. Como estamos na era do nem-nem, nem trabalhar, nem estudar, a juventude se afasta do trabalho convencional. Contudo, a nossa crônica propõe que o ócio possa ser uma alternativa produtiva desafiando a percepção tradicional do trabalho.

Ao ponderar sobre o corpo estático, que trabalha apenas com os dedos, destaca-se a mudança na natureza do trabalho contemporâneo. O contraste entre o movimento mental e a inércia física revela uma nova dinâmica na era digital. Quanto tempo vai levar para a adaptação ao ócio? Sugere-se que o trabalho mental constante pode ser a força propulsora que mantém o sistema em movimento. Desafiando a noção de que apenas o trabalho físico é capaz de sustentar a sociedade.

Enquanto descansa, carregar pedras é mais que uma imagem paradoxal. É um convite à contemplação sobre a intersecção entre o ócio, o trabalho mental e a evolução da sociedade.

Num mundo onde carregar pedras enquanto descansa se torna uma prática comum, a mente sofre o desafio de redefinir o valor do trabalho. À medida que as nossas modalidades de trabalho se solidificam, é essencial pensar em todas as abordagens legais, enfrentar os desafios e valorizar os benefícios.

Modificações na legislação trabalhista estarão mais presentes. Os juízes terão que se mobilizar a fim de produzir soluções para esse tipo de trabalho. O equilíbrio entre a flexibilidade e a regulamentação é importante para garantir que o trabalho mental seja sustentável.

Como vamos ficar cansados de carregar pedras, seria conveniente criar ferramentas e veículos virtuais que ajudassem a fazer o transporte dessa pedreira que está sendo criada.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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